Advogado de Molina é detido em aeroporto ao tentar deixar a Bolívia
Ex-presidente da Câmara dos Deputados boliviana pretendia embarcar para o Brasil para se encontrar com o senador oposicionista
A polícia da Bolívia deteve nesta quarta-feira, por várias horas, no aeroporto da cidade de Santa Cruz, o advogado boliviano e ex-presidente da Câmara dos Deputados Luis Vásquez, um dos assessores do opositor Roger Pinto Molina, quando embarcaria rumo ao Brasil, denunciou o próprio jurista. Vásquez disse à imprensa local que vinha ao Brasil para se reunir com o senador, mas ele e sua bagagem foram retidos e alvo de várias inspeções, inclusive por parte da força policial antidroga.
Segundo ele, os agentes buscavam um elemento que justificasse a detenção e falaram de uma suspeita de que ele levava malas de um diplomata brasileiro e que buscavam dinheiro em quantidade. "Há um afã persecutório", disse Vásquez, que também declarou que sentiu medo ao ver que funcionários governamentais e policiais "estão armando esse tipo de coisas com motivos por trás" e que só foi detido porque é advogado de Pinto Molina.
Após o incidente, Vásquez afirmou que provavelmente não deve viajar em breve ao Brasil, onde assessoraria o senador opositor, que no dia 23 de agosto deixou a embaixada brasileira em La Paz, onde estava há quase 15 meses, e fugiu para Brasília.
As autoridades policiais e do Ministério de Governo ainda não deram explicações sobre o ocorrido com Vásquez, que, segundo a imprensa de Santa Cruz, ficou detido por cerca de sete horas em uma sala do terminal aéreo.
O opositor saiu da Bolívia sem o salvo-conduto necessário por parte do governo do presidente Evo Morales e com ajuda de funcionários da embaixada brasileira. O fato provocou um atrito diplomático entre os dois países, embora Morales já tenha dado o incidente como superado, após se reunir na semana passada com a presidente Dilma Rousseff.
O opositor alega ser um perseguido político por ter denunciado supostos vínculos de funcionários governamentais bolivianos com o narcotráfico, mas o governo do país andino rejeita essa versão e argumenta que o senador tem contas pendentes com a Justiça por corrupção.