Agentes do Ibama e ICMBio protestam contra condições de trabalho sob governo Lula
Mais de 1.500 trabalhadores das agências federais de combate ao desmatamento estão exigindo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva melhores salários e condições de trabalho, de acordo com uma carta que assinaram e que foi vista pela Reuters nesta quarta-feira.
Os funcionários foram encarregados de executar a postura mais rígida de Lula em relação ao desmatamento, um ponto fundamental de sua campanha para restabelecer o Brasil como líder em mudanças climáticas, por meio da emissão de multas por infrações ambientais, entre outros meios.
As taxas de desmatamento na floresta amazônica brasileira caíram 50% nos primeiros 10 meses da Presidência de Lula, mas os trabalhadores afirmam que continuam sendo mal pagos e sobrecarregados de trabalho, enquanto Lula apregoa seu sucesso na conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) COP28, em Dubai.
A Amazônia, a maior floresta tropical do mundo, é vital para conter a mudança climática, pois absorve grandes quantidades de gases de efeito estufa que impulsionam o aquecimento global.
Os trabalhadores do Ibama e do ICMBio acusaram o governo Lula de "deslealdade" e disseram que suas condições de trabalho ameaçam o combate ao desmatamento.
O presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, nomeado por Lula, disse que os trabalhadores tinham razão.
"Uma boa proporção dos resultados do desmatamento foi fruto do trabalho deles. Ë uma reivindicação justa deles, mas trabalhamos com limitações", disse Agostinho à Reuters durante a COP28.
"O Ibama foi desmontado e nós estamos remontando", acrescentou.
Agostinho disse que esperava poder contratar mais trabalhadores no próximo ano e culpou o Congresso por atrasar as aprovações orçamentárias.
O Ministério do Meio Ambiente disse que pretende contratar mais de 3 mil pessoas para o Ibama e o ICMBio no ano que vem.
O gabinete de Lula encaminhou os questionamentos enviados pela Reuters ao Ministério da Gestão, que não respondeu de imediato. O ICMBio não respondeu a um pedido de comentários.
As taxas de desmatamento dispararam durante o governo do antecessor de Lula, Jair Bolsonaro, que procurou abrir mais áreas da Amazônia para a agricultura e a mineração, argumentando que isso tiraria a região da pobreza.
Bolsonaro enfraqueceu as agências de conservação e fiscalização e as criticou abertamente por emitir multas ambientais.