'Alegria se formará aos poucos' diz Temer, em resposta a declaração do papa sobre Brasil
O presidente Michel Temer respondeu neste domingo à declaração do papa Francisco de que o Brasil "atravessa um momento difícil". "Ele (o papa) revelou uma preocupação com o Brasil, uma preocupação que, convenhamos, todos temos. Eu acho que a alegria se formará pouco a pouco", afirmou Temer, que está na China para a cúpula do G20.
O comentário do papa aconteceu durante a inauguração de uma estátua de Nossa Senhora Aparecida, considerada pela Igreja Católica padroeira do Brasil, nos Jardins Vaticanos, em Roma.
"Estou contente que a imagem de Nossa Senhora Aparecida esteja nos jardins. Em 2013, eu tinha prometido voltar ao Brasil. Não sei se será possível, mas, pelo menos, agora terei [a santa] mais perto de mim", disse o papa, segundo a agência de notícias estatal italiana Ansa.
Francisco pediu que os presentes rezassem "para que Nossa Senhora Aparecida siga protegendo todo o Brasil, todo o povo brasileiro, neste momento triste".
Sem fazer referência direta ao momento político brasileiro, o líder da Igreja Católica disse também que não sabia mais se iria ao Brasil em 2017, como tinha sido cogitado anteriormente sobre o roteiro de sua próxima viagem pela América Latina.
'Instante complicado'
Ao ser perguntado por jornalistas sobre a declaração do papa, Temer reconheceu que o país havia saído de "um instante um pouco complicado" após o fim do processo de impeachment contra Dilma Rousseff.
Questionado pela BBC Brasil se a indicação do papa de que não viria mais ao Brasil mostrava uma posição refratária ao seu governo, o presidente disse não ser verdade que ele havia feito "planos de vir", mas apenas havia manifestado "um desejo" de retornar quando esteve no país para a Jornada Mundial da Juventude, em 2013.
Diante da insistência da reportagem sobre se a declaração indicava uma mudança no posicionamento do papa após o impeachment, Temer ficou irritado e não quis responder à pergunta.
O ministro das Relações Exteriores, José Serra, disse que só se manifestaria após receber um relatório da embaixada brasileira em Roma, para se informar melhor sobre a manifestação do pontífice.
De acordo com a Ansa, semanas atrás, o papa escreveu uma "carta de apoio" à ex-presidente Dilma Rousseff, cujo conteúdo não foi revelado.
Dilma chegou a confirmar o recebimento da mensagem para a agência de notícias, mas afirmou que "não foi uma carta do Papa em sua condição de representante do Vaticano".