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AM: três médicos são presos por cobrarem por parto no SUS

Médicos são acusados de formar quadrilha para cobrar valores indevidos das pacientes

26 fev 2015 - 13h59
(atualizado às 18h25)
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Três médicos, entre eles um ex-vereador de Manaus, foram presos pela Polícia Civil do Amazonas, na manhã desta quinta-feira, em cumprimento de mandados de prisão expedidos pela 9ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), durante a operação "Jaleco". Eles são suspeitos de cobrarem até R$ 2,8 mil para realizarem partos dentro de maternidades públicas de Manaus e, ainda, de praticarem abortos e abusos sexuais.

Entre os detidos está o ginecologista e obstetra Armando Andrade Araújo, 67, candidato a deputado federal pelo PV nas eleições do ano passado. Armando foi flagrado, dentro da Maternidade Ana Braga, situada na Zona Leste de Manaus, por uma dona de casa de 46 anos em agosto do ano passado, cobrando a quantia de R$ 400 para operar a filha dela, de 23 anos - a mãe poderia perder o seu bebê ou até morrer. O ginecologista foi preso no início da manhã de hoje no momento em que desempenhava a sua função, na maternidade pública Instituto da Mulher Dona Lindu, que fica na Zona Centro-Sul da cidade.

Conforme informações da Polícia Civil, Armando é acusado de ter abusado sexualmente de uma mulher de 25 anos e, também, de cobrar a quantia de R$ 5 mil em espécie para realizar o aborto de uma adolescente de 17 anos.

A polícia prendeu ainda o ex-vereador de Manaus (2008 a 2012), Dênis de Almeida dos Santos, 46, e Odilon de Oliveira Gomes, 67. O delegado da Seccional Norte da Polícia Civil, João Neto, responsável pela operação, informou que as investigações iniciaram há mais de um ano, após uma mulher registrar Boletim de Ocorrência (BO) por corrupção passiva dentro de um hospital público.

O delegado disse que os médios utilizavam outras pessoas para coagirem grávidas a pagarem pelo parto, que deveria ser gratuito, dentro das maternidades públicas. “Os médicos tinham acordos entre eles para praticarem o crime. Há suspeita da participação de mais pessoas envolvidas no esquema e podem ser presas em breve. Outros médicos podem estar por trás do esquema”, informou.

Crimes

João Neto ressaltou que o trio de ginecologistas vai responder pelos crimes de formação de quadrilha e corrupção passiva majorada (por se tratar de funcionários públicos). Armando Araújo responderá ainda por abuso sexual. Todos os médicos suspeitos serão encaminhados ainda hoje à cadeia pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no Centro. Eles não quiseram falar com a imprensa.

Apuração

O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-AM), Francisco Sobrinho, informou ao Terra que iria se posicionar a respeito do fato apenas pela parte da tarde. Já o Instituto de Ginecologia e Obstetrícia do Amazonas (Igoam), instituição da qual os médicos são filiados para trabalharem no serviço público, não se manifestou até o fechamento desta matéria.

A Secretaria Muncial de Saúde Manaus divulgou nota nesta quinta-feira afirmando que "repudia veemente práticas da natureza investigada e coloca-se à disposição das autoridades policiais no que for necessário para o aprofundamento das investigações".

De acordo com a secretaria, "Armando Andrade Araújo faz parte do quadro de obstetras da Maternidade Moura Tapajós desde 2009 e até então não havia nenhuma denúncia formalizada a seu respeito, mas em virtude das acusações e prisão nesta quinta-feira, 26, o secretário municipal de Saúde, Homero de Miranda Leão Neto, determinou o afastamento do mesmo da escala de plantão". Os outros médicos presos não foram citados.

O presidente do Conselho Regional de Medicina (CRM-AM), José Bernades Sobrinho, disse que vai abrir sindicância para apurar o caso e ouvir todas vítimas envolvidas. O conselho da instituição formado por 21 médicos irá avaliar o fato para decidir se cassa ou não registro dos médicos. O CRM-AM ressaltou que não compactua com a atitude dos profissionais.

Por meio de nota, o diretor-presidente do Igoam, César Dourado, ressaltou que foi surpreendido com a notícia veiculada pela imprensa, na manhã desta quinta-feira (26), a respeito dos três médicos. A assessoria jurídica do Igoam foi acionada para apurar os fatos envolvendo o médicos ligados a empresa, para que as medidas cabíveis possam ser tomadas. O Igoam reafirma o seu compromisso com os serviços prestados à sociedade, enfatizando que o fato ocorrido é de caráter individual e não reflete o trabalho coletivo realizado pelos demais sócios da empresa.

Fonte: Especial para Terra
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