Ao menos duas pessoas são mortas em ataque de grupo armado a assentamento do MST em SP
SÃO PAULO (Reuters) -Ao menos dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra foram assassinados na sexta-feira durante um ataque de um grupo armado contra um assentamento da reforma agrária em Tremembé, no interior de São Paulo, informaram o MST e a Secretaria de Segurança Pública do Estado.
Outras seis pessoas ficaram feridas no ataque que, segundo o MST e depoimentos prestados à Polícia Civil de Taubaté, que apura o caso, foi realizado por homens em carros e motos. A polícia prendeu um homem em flagrante no local por porte ilegal de arma. Os feridos foram levados para um hospital de Taubaté e para um pronto socorro em Tremembé.
O Ministério da Justiça informou que a Polícia Federal investigará o caso.
"Na noite de ontem, dia 10, dez bandidos invadiram o assentamento Olga Benário, localizado em Tremembé, São Paulo, utilizando cinco carros e duas motos. Os criminosos atiraram contra os assentados, que presenciaram à invasão de uma área do assentamento. O ataque resultou em seis pessoas feridas, que estão hospitalizadas, e duas vítimas fatais", disse o MST em nota.
Em comunicado, a Secretaria de Segurança Pública paulista disse que "o caso foi registrado como homicídio, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma de fogo de uso permitido no plantão da Delegacia Seccional de Taubaté".
Na noite deste sábado, o governo paulista informou que o suspeito de ser o mentor intelectual do ataque foi preso pela polícia. O homem já tinha passagem na polícia por porte ilegal de arma e foi reconhecido por testemunhas que viram a chegada dos autores do ataque.
"Diligências estão sendo realizadas para prender os outros envolvidos", afirmou o governo estadual em nota.
Também em nota, o Ministério da Justiça informou que a PF abriu inquérito para investigar os assassinatos e que uma equipe da corporação com agentes, perito e papiloscopista foi enviada ao local.
De acordo com o MST, as famílias assentadas no local têm sido, há anos, vítimas de "ameaças e coerções constantes".
"O assentamento Olga Benário enfrenta uma intensa disputa com a especulação imobiliária voltada para o turismo de lazer, devido à sua localização estratégica na região do Vale do Paraíba", afirmou.
O movimento disse ainda que autoridades estaduais e federais foram alertados sobre as ameaças.
De acordo com nota do governo estadual, a motivação do crime seria "um desentendimento sobre a negociação de um terreno dentro da área de assentamento".