Apagão suspende depoimentos na Comissão do Impeachment
O incêndio em uma subestação da Companhia Energética de Brasília deixou hoje (27) o Senado completamente sem luz e provocou o encerramento antecipado dos trabalhos da Comissão Processante do Impeachment. As duas testemunhas de defesa da presidenta Dilma Rousseff que ainda deveriam ser ouvidas nesta segunda-feira deverão retornar para depoimentos amanhã (28).
Os senadores tinham acabado de começar a oitiva da ex-secretária executiva do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Maria Fernanda Ramos Coelho, segunda a falar no dia, quando a luz caiu e não voltou mais.
Momentos antes, enquanto ainda ouviam a primeira testemunha, o ex-ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, um apagão já tinha ocorrido, mas a energia voltou alguns minutos depois, garantindo tempo para conclusão do depoimento dele e início do da ex-secretária.
Nas duas vezes em que a luz acabou, a comissão foi mantida com energia de geradores, mas não foi possível continuar os trabalhos até o fim. "Só tínhamos mais seis minutos de autonomia", explicou o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) ao deixar a sala da comissão e seguir pelo túnel do tempo do Senado em completa escuridão, com o auxílio apenas de lanternas de celulares.
Por meio de nota, o Senado informou sobre o primeiro apagão que a ala onde se realizavam os trabalhos da comissão é alimentada por no-break com autonomia para até uma hora de falta de energia elétrica". Ainda segundo a nota, não houve relatos de panes em equipamentos e sistemas da Casa.
Com exceção das portarias de entrada e saída, os ambientes internos do prédio do Senado, incluindo plenários, gabinetes, corredores escadas, não dispunham de qualquer iluminação de emergência. A escuridão foi total, o que dificultou o trânsito de pessoas que circulam pela Casa.
Oitiva
Pouco antes do apagão, os senadores concluíram a oitiva do ex-ministro, que foi a primeira testemunha a prestar depoimento hoje. Ele defendeu o governo da presidenta Dilma e disse desconhecer a realização das chamadas "pedaladas fiscais".
"Eu não tive nenhum conhecimento de pedalada fiscal, até porque é uma expressão que foge à minha cultura jurídica, aos meus conhecimentos. O que tenho conhecimento é que nós viabilizamos, em 2015 para 2016, o Plano Safra, que tem durabilidade de um ano", afirmou.
Patrus Ananias acrescentou que não tinha relação com os valores a serem repassados para os agricultores, que eram administrados diretamente pelos bancos e que nunca recebeu qualquer alerta do Tribunal de Contas da União (TCU) sobre irregularidades referentes a esse processo.
"Nunca, pessoalmente ou como ministro, recebi qualquer informação do TCU, com o qual sempre mantive uma relação de diálogo, inclusive visitando os ministros e recebendo-os também, sempre buscando orientações. Em nenhum momento, recebi qualquer informe sobre esse aspecto, como também, até onde sei, os órgãos do ministério, nossos órgãos de avaliação, consultoria jurídica, controladoria, até onde estou informado, em nenhum momento, foram esclarecidos sobre isso", disse.
Para amanhã estão previstas as oitivas das duas testemunhas que deveriam ter falado hoje: Maria Fernanda Ramos Coelho e do diretor do Departamento de Financiamento e Proteção da Produção do Ministério do Desenvolvimento Agrário, João Luiz Guadagnin.
Além deles, as três testemunhas previstas para o dia: os ex-ministros da Defesa, Aldo Rebelo, o ex-advodo-geral da União, Luís Inácio Adams, e o responsável técnico do Conselho Nacional de Justiça para análise de créditos suplementares, Antônio Carlos Stangherlin Rebelo.