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Após fortes especulações, Mandetta segue no comando da Saúde e diz que inimigo é o coronavírus

6 abr 2020 - 20h15
(atualizado às 21h36)
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O presidente Jair Bolsonaro decidiu manter o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, no cargo após uma reunião ministerial no Palácio do Planalto, nesta segunda-feira, para discutir ações de combate ao avanço do novo coronavírus no país, depois de um dia de especulações sobre a permanência do ministro.

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta
30/03/2020
REUTERS/Ueslei Marcelino
Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta 30/03/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Bolsonaro e Mandetta têm travado uma disputa relacionada à estratégia para combater a Covid-19. O presidente afirma que somente os integrantes do grupo de risco devem ficar isolados, e critica as medidas de restrição à circulação adotadas por governadores, que são defendidas pelo ministro.

Diante das disputas, especulou-se nesta tarde que Mandetta poderia ser demitido após a reunião ministerial convocada de emergência pelo presidente, mas um dos presentes disse à Reuters, sob condição de anonimato, que a "palavra de ordem" do encontro foi "união".

Mandetta confirmou a permanência em pronunciamento feito no Ministério da Saúde após a reunião ministerial.

"Hoje foi um dia que rendeu muito pouco o trabalho. Ficaram com a cabeça avoada se eu iria permanecer, se eu iria sair. Gente aqui dentro limpando gavetas, até as minhas gavetas. Nós vamos continuar, porque continuando a gente vai enfrentar nosso inimigo. O nosso inimigo tem nome e sobrenome: Covid-19", disse.

Mandetta também repetiu fala da semana passada, de que médico não abandona paciente, e reiterou que não deixará o cargo por decisão própria. Segundo ele, a reunião ministerial foi "muito produtiva" e o governo se reposiciona para ter mais "foco e união" para combater o vírus no país.

O presidente não falou publicamente após a reunião. A permanência do ministro, ao menos por ora, está assegurada, apesar de Bolsonaro ter dito na semana passada que Mandetta extrapolou e que faltava humildade ao então auxiliar. No domingo, sem citar nomes, disse que alguns de seus ministros estão "se achando", viraram estrelas e que "a hora deles vai chegar", pois não tem medo de usar sua caneta.

Mandetta tem contrariado Bolsonaro publicamente recomendando à população que seguisse as orientações dos governadores, apesar de o presidente ter entrado em atrito com os chefes dos Executivos estaduais pelas medidas de distanciamento social. 

Segundo fontes ouvidas pela Reuters, ao longo desta segunda-feira, Bolsonaro teve sinais de que uma eventual substituição de Mandetta poderia ocasionar forte reação no Congresso e no Supremo Tribunal Federal (STF), Poderes que podem conter medidas adotadas pelo governo. 

O presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), disse que seria um "erro" a demissão de Mandetta, que, em sua opinião, está fazendo um "bom trabalho", segundo uma fonte.

Presente ao auditório do ministério, a presidente da Frente Parlamentar Mista da Saúde, deputada federal Carmen Zanotto (Cidadania-SC), fez questão de manifestar o apoio do Congresso à atuação de Mandetta na pandemia.

Um ministro do STF com trânsito no governo classificou como "muito ruim" a tentativa de eventual substituição do ministro da Saúde. Ele disse que, embora seja uma prerrogativa do presidente nomear e substituir os integrante do primeiro escalão, não haveria razão para a substituição a fim de mudar a política de isolamento social do Ministério da Saúde, alinhada com o que é preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

CRÍTICA

No pronunciamento --ele não quis abrir para perguntas-- Mandetta ressaltou o fato de que a pasta se organizou como uma equipe técnica, da qual, no momento, ele é "apenas o porta-voz". Ele disse que não tem nenhum receio de crítica.

Para o ministro, a dificuldade se dá quando, em determinadas situações, as críticas não são feitas no sentido de construir, mas sim de trazer dificuldades para o ambiente de trabalho.

Mais uma vez, Mandetta reforçou que se devem seguir as orientações de isolamento social dadas pelos governadores de Estado enquanto uma série de condicionantes não estiver garantida: regularização de estoques de equipamento de proteção individual, de respiradores e ventiladores.

Segundo balanço divulgado pelo ministério, o Brasil tem 12.056 casos confirmados de coronavírus e 533 mortos. O ministro disse que o Brasil não está pronto para uma "escalada" de casos em grandes metrópoles.

"Momento é de cautela, proteção e distanciamento social", disse ele, ressaltando que o país passou nas duas últimas semanas não é quarentena nem lockdown, "muito mais duro" do que isso.

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