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Após ser cobrado por espionagem, Canadá ressalta relação com Brasil

Segundo reportagem do programa Fantástico, órgão de inteligência canadense espionou setores do Ministério de Minas e Energia

7 out 2013 - 21h37
(atualizado às 21h41)
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Após o governo brasileiro ter cobrado explicações sobre as denúncias de que comunicações eletrônicas e telefônicas do Ministério de Minas e Energia e de um funcionário do Ministério das Relações Exteriores foram espionadas pelo órgão de inteligência do Canadá, a representação diplomática do país divulgou um comunicado informando que o assunto está sendo discutido pelas autoridades canadenses e destacando a importância das relações bilaterais.

"Estamos discutindo esse assunto entre governos", diz a nota, com quatro parágrafos, sem entrar em detalhes. "O Canadá tem uma crescente relação bilateral com o Brasil, baseada no engajamento dos líderes mais altos de governo, (assim como) em assuntos bilaterais, regionais e internacionais, (gerando o) aumento de comércio e investimentos e nas fortes ligações interpessoais."

No comunicado da Embaixada do Canadá, o governo canadense ressalta que há um "trabalho conjunto" com o Brasil, nas áreas econômica, social, educação, ciência e tecnologia, além de comércio e investimentos. "Nossos ministros das Relações Exteriores se encontraram em agosto, no Rio de Janeiro, para discutir o diálogo de parceria estratégica Brasil-Canadá", diz o comunicado da embaixada.

Pela manhã, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, conversou com o embaixador canadense e demonstrou a "indignação" do governo brasileiro, classificando as ações de espionagem como algo "inaceitável e grave".

"O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, convocou hoje, 7 de outubro de 2013, o embaixador do Canadá em Brasília (Jamal Khokhar) para transmitir a indignação do governo brasileiro e requerer explicações sobre a notícia de que as comunicações eletrônicas e telefônicas do Ministério de Minas e Energia e de alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores estariam sendo objeto de espionagem por órgão de inteligência canadense", diz o texto divulgado pelo Itamaraty.

De acordo com a nota, o chanceler brasileiro classificou a ação como inaceitável e grave. "O chanceler brasileiro manifestou ao embaixador canadense o repúdio do governo a essa grave e inaceitável violação da soberania nacional e dos direitos de pessoas e de empresas".

Na rede social Twitter, a presidente Dilma Rousseff disse que as novas suspeitas confirmam "razões econômicas e estratégicas" dessas práticas. Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, aponta que a Agência Canadense de Segurança em Comunicação (cuja sigla em inglês é CSEC) teria espionado telefonemas e e-mails do Ministério de Minas e Energia.

Espionagem americana no Brasil

Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador).

Agência Brasil Agência Brasil
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