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Arquidiocese de Recife pede beatificação de Hélder Câmara

Câmara, ordenado sacerdote em agosto de 1931, é considerado um dos maiores defensores dos pobres no Brasil

3 mai 2015 - 13h26
(atualizado às 14h27)
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A Arquidiocese de Recife iniciou neste domingo (3), de forma oficial, o processo para pedir a beatificação e canonização do falecido bispo Dom Hélder Câmara (1909-1999), um dos pioneiros da Teologia da Libertação, a quem os militares que governaram o país de 1964 a 1985 chamavam de "bispo vermelho".

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Ligado a Teoria da Libertação, Dom Hélder Câmara é considerado um dos grandes líderes do Brasil no combate contra a fome
Ligado a Teoria da Libertação, Dom Hélder Câmara é considerado um dos grandes líderes do Brasil no combate contra a fome
Foto: Wikimedia

O arcebispo de Olinda e Recife, Fernando Saburido, presidiu hoje na Catedral do Santíssimo Salvador do Mundo (Olinda) a missa que marca a abertura da fase diocesana do processo de beatifi

cação e canonização e decretou a constituição do tribunal responsável pela causa. O grupo de trabalho é composto por cinco membros, se encarregará de analisar os textos publicados por Hélder Câmara e de escutar as pessoas que tiveram contato com o falecido bispo brasileiro, nascido na cidade de Fortaleza em 7 de fevereiro de 1909.

No ano passado, o episcopado brasileiro iniciou o processo para solicitar a beatificação de Hélder Câmara e em fevereiro deste ano recebeu a autorização da Santa Sé, enquanto hoje foi oficializado pela Arquidiocese de Recife. Para que um venerável seja beatificado, é necessário que tenha ocorrido um milagre devido a sua intercessão e, para que seja canonizado (santo), é preciso um segundo milagre que deve ocorrer após ser proclamado beato.

No caso de martírio, daqueles que morreram por não renunciar à fé católica, não é necessário milagre para ser beatificado, mas sim é obrigatório para a canonização. Câmara, ordenado sacerdote em agosto de 1931, é considerado um dos maiores defensores dos pobres no Brasil.

"Se dou comida aos pobres, me chamam de santo. Se pergunto por que os pobres não têm comida, me chamam de comunista", disse em uma ocasião sob o apelido de "bispo vermelho" dado pelos militares.

Câmara, conhecido por seu trabalho em defesa dos direitos humanos, do diálogo mundial e do ecumenismo, assim como por sua clara opção pelos pobres, morreu em 27 de agosto de 1999, aos 90 anos na humilde casa em que residia em Recife, cidade na qual exercia o papel de arcebispo emérito de Olinda e Recife.

Com acessórios e fantasias, mulheres colorem ladeiras de Olinda:

Trabalho de Câmara

O bispo é considerado um dos pioneiros da Teologia da Libertação pelo impulso que deu às chamadas comunidades de base tanto em Recife como no Rio de Janeiro, pelas reformas que propôs para a doutrina social da Igreja, por sua vida simples e afastada de luxos ou comodidades e por sua defesa pelos teólogos progressistas na América Latina.

Também teve um importante papel como defensor dos direitos humanos durante a ditadura brasileira e como impulsor de iniciativas para aproximar as diferentes religiões. Apesar da censura imposta pelos militares, Câmara sempre denunciou as violações dos direitos humanos em suas viagens ao exterior e em suas entrevistas com jornalistas estrangeiros.

Suas iniciativas a favor dos direitos humanos valeram vários prêmios na Europa e que seu nome figurasse para sempre na lista de candidatos ao Prêmio Nobel da Paz.

Câmara foi designado bispo auxiliar do Rio de Janeiro em 1952 e depois assumiu, como bispo e como arcebispo, a arquidiocese de Recife e Olinda, da qual esteve a cargo desde 1965 até 1985.

EFE   
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