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Ativistas fazem enterro simbólico de menino morto no Alemão

Ato aconteceu na praia de Copacabana e lembrou o assassinato das outras três vítimas da operação policial no conjunto de favelas da zona norte do Rio

5 abr 2015 - 16h11
(atualizado em 6/4/2015 às 22h42)
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<p>Manifestantes carregando um caixão percorreram a Avenida Atlântica antes de realizar um enterro simbólico, deixando na areia uma cruz de madeira em homenagem a Eduardo e às outras vítimas</p>
Manifestantes carregando um caixão percorreram a Avenida Atlântica antes de realizar um enterro simbólico, deixando na areia uma cruz de madeira em homenagem a Eduardo e às outras vítimas
Foto: Murilo Rezende / Futura Press

Um grupo de ativistas protestou neste domingo na praia de Copacabana pela morte na quinta-feira passada de uma criança de dez anos, uma dona de casa e dois jovens durante uma operação policial no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.

A morte do menino Eduardo de Jesus Ferreira se transformou em um símbolo dos protestos contra as recentes ações policiais violentas nos bairros pobres do Rio de Janeiro.

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Cerca de 50 manifestantes, vestidos de preto, levando cartazes com mensagens contra a violência e carregando um caixão, percorreram a Avenida Atlântica e realizaram um enterro simbólico, deixando na areia uma cruz de madeira em homenagem à criança e às outras vítimas.

Criança de 10 anos é baleada e morta no Complexo do Alemão:

O fundador da ONG Rio de Paz, Antonio Carlos Costa, declarou à Agência Efe que o protesto teve como objetivo "chamar a atenção da sociedade do Rio de Janeiro pro fato de que nós não vamos ver esse histórico de violência chegar ao fim esperando apenas que a polícia seja a solução para o problema da insegurança pública".

"Vivemos em uma cidade profundamente desigual, na qual os desiguais vivem lado a lado com um Estado frágil. Estamos falando da cidade sede dos Jogos Olímpicos de 2016 que entre 2007 e 2015 viu 50.000 pessoas morrerem de forma violenta", comentou.

Costa lamentou a "desgraça" do fato que 80% das mortes violentas no Rio de Janeiro aconteçam nas "comunidades pobres" e criticou a falta de "legado" dos Jogos Olímpicos para as favelas cariocas.

Hoje foi o terceiro dia consecutivo de protestos pela morte do menor, sendo que os dois anteriores aconteceram no próprio Complexo do Alemão.

Na Sexta-Feira Santa os vizinhos de Eduardo bloquearam a entrada de veículos à favela e a Polícia Militar dispersou os manifestantes com gás lacrimogêneo.

No sábado, por outro lado, foi realizada uma passeata pacífica na qual os moradores levantaram bandeiras brancas.

Rio: moradores pedem paz no Alemão:

O líder comunitário Helcimar Lopes, outro dos organizadores da manifestação de hoje, comentou a jornalistas que o "enterro simbólico" da criança é uma mensagem de que "a favela não se cala".

"Precisamos de um momento de paz. Os tiroteios acontecem de forma inesperada e qualquer um pode ser vítima de uma bala perdida", declarou Lopes.

Moradora do Alemão relata drama vivido após a morte do filho:

Depois das mortes de civis, lamentadas inclusive pela presidente Dilma Rousseff, que em uma nota oficial ordenou às autoridades "esclarecer" os assassinatos e "punir" os culpados, a própria Polícia Militar suspendeu os agentes que participaram da operação e confiscou suas armas.

Por sua vez, o governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão, lamentou as perdas humanas, mas reiterou que a presença policial continuará normalmente no Alemão.

EFE   
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