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Atos em apoio a protestos no Brasil se espalham pela Europa

16 jun 2013 - 14h02
(atualizado em 18/6/2013 às 21h17)
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Em Dublin, na Irlanda, brasileiros se reuniram em frente ao monumento Spire
Em Dublin, na Irlanda, brasileiros se reuniram em frente ao monumento Spire
Foto: Thiago Mouta/Facebook / Reprodução

Centenas de pessoas se reuniram neste domingo em Berlim, capital da Alemanha, para um ato de apoio às manifestações contra o aumento das tarifas de ônibus que vêm sendo realizadas no Brasil, especialmente em São Paulo. Além de Berlim, foi realizado neste domingo um ato em Dublin, na Irlanda, em apoio aos manifestantes brasileiros. Também devem acontecer atos nesta tarde em Boston, nos Estados Unidos, e em Montreal, no Canadá. Outros atos devem acontecer em diversas cidades da Europa, Estados Unidos e América Latina no decorrer desta semana.

Segundo a designer brasileira Karen Hofstetter, 26 anos e moradora de Berlim, cerca de 600 pessoas participaram do ato - 250 de acordo com informações da agência Deutsche Welle Brasil -, que foi organizado pelas redes sociais. "A intenção é mostrar para os alemães, para o mundo, o problema”, disse. 

A caminhada de 1,5 quilômetro entre os bairros de Kreuzberg e Neukölln. Hofstetter afirmou que o grupo fez o trajeto em cerca de 2 horas. O protesto, no total, teria durado cerca de 4 horas. Segundo ela, no meio do protesto, que contou com a presença não só de brasileiros, os manifestantes se encontraram com um grupo de turcos que protestavam em apoio às manifestações que tomaram conta de seu país nas últimas semanas e os dois grupos marcharam unidos durante alguns momentos. 

A designer afirmou que curiosos pararam para observar o protesto, que contava com cartazes em várias línguas (inglês, português, alemão). “Foi super tranquilo, pacífico”, segundo a designer, que acrescentou que os organizadores do protesto avisaram a polícia com antecedência de que cerca de 100 pessoas. "O número foi bem maior, mesmo assim não houve nenhum problema. Eles orientaram o melhor caminho para fazermos, fecharam as ruas, acompanharam o protesto”, disse. 

Em entrevista ao Terra, a organizadora dos protestos, a publicitária Juliana Doraciotto, 25 anos, disse que esta é uma forma de apoiar os amigos agredidos pela polícia no protesto da última quinta-feira em São Paulo. "Tudo começou na sexta de manhã. Depois da truculência da noite de quinta em São Paulo a gente resolveu fazer a nossa parte por aqui também, para chamar a atenção da mídia internacional e dar apoio aos que estão apanhando no Brasil", disse a jovem, que mora em Berlim há um ano.

Juliana contou que criou uma página agendando o protesto pelo Facebook e comunicou a polícia local sobre a manifestação. O que ela não esperava era o grande apoio ao movimento. "Estava esperando só uma 50 pessoas", disse. Com o sucesso, a ideia é fazer novas marchas em Berlim e também em outras cidades alemãs a partir desta semana. "Muitas pessoas de Köln, München e Frankfurt vieram me pedir ajuda para organizar mais protestos no sul da Alemanha", disse a jovem, natural de São Paulo.

Os participantes também afirmaram que o protesto foi além da questão do aumento da passagem e da violenta repressão policial contra manifestantes na capital paulista. "Está relacionado também a como a política no Brasil é feita, ao transporte público de má qualidade e a como qualquer manifestação democrática é muito reprimida pela polícia, principalmente em São Paulo", explicou o estudante de Urbanismo Guilherme Maruyama da Costa, à Dw Brasil. Há quatro anos ele mora em Hamburgo, mas aproveitou que estava na capital alemã para participar da marcha.

Críticas à mídia alemã

Os manifestantes reunidos em Berlim criticaram também a forma como a imprensa na Alemanha cobriu os protestos em São Paulo. Segundo Juliana Doraciotto, a mídia alemã tratou o tema de forma parcial, sem mostrar a realidade brasileira. A cobertura da manifestação no Brasil destacou que os protestos foram desencadeados por um aumento de apenas sete centavos de euro.

O site da revista Spiegel, em matéria intitulada "Batalhas nas ruas por causa de sete centavos (de euro)", disse que os protestos foram organizados por estudantes e também por "agrupamentos dispostos à violência".

A estudante Mariana Reinemann, que também participou da manifestação deste domingo, concorda com Doraciotto. "Aqui na Alemanha não está sendo bem divulgado o que está acontecendo. A passeata é uma forma de chamar a atenção do mundo", afirmou.

A ação foi organizada nas redes sociais e faz parte do evento "Democracia sem Fronteiras", no qual brasileiros residentes em outros países estão planejando uma série de manifestações em pelo menos 27 cidades como Madri, Paris, Londres, Lisboa, Nova York, Cidade do México e Buenos Aires.

Boa parte desses protestos está programada para acontecer nesta terça-feira – mesmo dia em que a Prefeitura de São Paulo deverá se reunir com integrantes do Movimento Passe Livre, grupo que organizou os recentes protestos na cidade, para discutir o sistema de transporte público na capital paulista.

SP: grupo protesta contra aumento no transporte

Cenas de guerra nos protestos em SP

A cidade de São Paulo enfrenta protestos contra o aumento na tarifa do transporte público desde o dia 6 de junho. Manifestantes e policiais entraram em confronto em diferentes ocasiões e ruas do centro se transformaram em verdadeiros cenários de guerra. Enquanto policiais usavam bombas e tiros de bala de borracha, manifestantes respondiam com pedras e rojões.

Durante os atos, portas de agências bancárias e estabelecimentos comerciais foram quebrados, ônibus, muros e monumentos pichados e lixeiras incendiadas. Os manifestantes alegam que reagem à repressão opressiva da polícia, que age de maneira truculenta para tentar conter ou dispersar os protestos.

Segundo a administração pública, em quatro dias de manifestações mais de 250 pessoas foram presas, muitas sob acusação de depredação de patrimônio público e formação de quadrilha. No dia 13 de junho, vários jornalistas que cobriam o protesto foram detidos, ameaçados ou agredidos.

As passagens de ônibus, metrô e trem da cidade de São Paulo passaram a custar R$ 3,20 no dia 2 de junho. A tarifa anterior, de R$ 3, vigorava desde janeiro de 2011.

Segundo a administração paulista, caso fosse feito o reajuste com base na inflação acumulada no período, aferido pelo IPC/Fipe, o valor chegaria a R$ 3,40. "O reajuste abaixo da inflação é um esforço da prefeitura para não onerar em excesso os passageiros", disse em nota. 

Haddad, havia declarado que o reajuste poderia ser menor caso o Congresso aprovasse a desoneração do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) para o transporte público. A proposta foi aprovada, mas não houve manifestação da administração municipal sobre redução das tarifas.

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Com informações da Deutsche Welle Brasil

Colaboraram com esta notícia os internautas Thiago Jacon, de São Paulo (SP), Paulo Cesar Gadioli, de Santo André (SP), Luiz Felipe Barbalat, de New Orleans (EUA), João Maria Alcantara Oliveira, Meire Silva, Gui Lagares, Lélo Welligton, de Dublin (Irlanda) e Cristiano Costa, de Torronto (Canadá), que participaram do vc repórter, canal de jornalismo participativo do Terra. Se você também quiser mandar fotos, textos ou vídeos, clique aqui.

Fonte: Terra
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