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Aventureira britânica desaparece no rio Amazonas; polícia suspeita de traficantes

Emma Tamsin Kelty estava descendo o rio desde a nascente em Iquitos, no Peru, sem nenhum tipo de acompanhamento ou assistência.

18 set 2017 - 18h19
(atualizado às 18h42)
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"Uma mudança dramática em apenas um dia, mas o rio é assim mesmo. Cada quilômetro é diferente, e só porque uma área é ruim não significa que..."

Retrato de Emma em frente ao rio, usando lenço na cabeça e camisa azul
Retrato de Emma em frente ao rio, usando lenço na cabeça e camisa azul
Foto: BBC News Brasil

Esta é a última postagem da atleta britânica Emma Tamsin Kelty, de 43 anos, no Twitter. Foi ao ar na madrugada da última quarta-feira, 13 de setembro - desde o mês passado ela viajava pelo rio Amazonas em um caiaque, em uma jornada que começou no Peru e foi interrompida entre as cidades de Codajás e Coari (AM), na beira do rio, com o desaparecimento dela.

No Instagram, Emma se apresenta como "a sexta mulher a chegar ao Polo Sul em expedição sozinha, em janeiro de 2017". Ela também usava a rede social para documentar a viagem pelo Amazonas.

A britânica foi desestimulada a seguir o trajeto sozinha. Chegou a fazer piada da situação em um tuíte no último dia 10: "Em Coari ou perto (a 100 quilômetros acima do rio) meu barco será roubado e eu serei assassinada. Legal".

Segundo escreveu em seu blog, o plano era descer o rio "sem suporte ou assistência". A postagem foi feita em 9 de agosto, quando ela ainda estava em Iquitos, no Peru. No fim do texto, disse que estava ciente das dificuldades, mas não tinha nenhum arrependimento.

No dia 12, um dia antes de seu sumiço, Emma afirmou no Twitter ter avistado de 30 a 50 homens "armados de rifles e lanças" em barcos.

Reprodução de tuites de Emma em que ela descreve ter visto homens armados
Reprodução de tuites de Emma em que ela descreve ter visto homens armados
Foto: BBC News Brasil

Investigações

Alguns objetos que pertenceriam a ela, como roupas e sapatos, foram encontrados na tarde da última sexta-feira por militares do 9º Distrito da Marinha. Um caiaque idêntico ao das fotos em redes sociais também foi achado.

Os pertences estavam em um banco de areia na comunidade Lauro Sodré, entre Codajás e Coari, a cerca de 400 quilômetros de Manaus. O material foi encaminhado à Polícia Civil, que abriu um inquérito para investigar o desaparecimento.

Um policial próximo às investigações disse que o local onde Emma foi visto pela última vez é o mesmo onde um delegado de polícia desapareceu em dezembro passado. Thiago Garcez teria sido assassinado em conflito com traficantes de drogas que atuam no local - o corpo nunca foi localizado.

Os próprios comentários de Emma no Twitter sugerem que ela possa ter sido vítima das quadrilhas que atuam na área - como a mensagem em que disse ter visto dezenas de homens armados em embarcações.

A Marinha foi informada na última quarta-feira, por volta das 22h, de que o localizador de emergência de uma britânica de 43 anos que descia o rio Solimões (nome do Amazonas naquele trecho) foi acionado.

Segundo o delegado Ivo Martins, que seguiu nesta segunda-feira para Codajás com uma equipe da uma equipe da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestro, a linha de investigação que está sendo trabalhada é de um possível roubo, crime constante na região.

Ele não quis falar sobre a possibilidade de a britânica ter sido sequestrada por traficantes.

Em 2010, a jornalista inglesa Helen Skelton percorreu 3.234 km do rio Amazonas em quase seis semanas. Mas ela não fez o percurso sozinha: um barco de apoio onde dormia, tomava banho e fazia as refeições a acompanhou durante todo o trajeto.

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