Bolívia deteve advogado de senador por levar carimbos diplomáticos
O advogado boliviano do senador Roger Pinto, Luis Vásquez, foi detido várias horas no aeroporto de Santa Cruz quando viajava para o Brasil porque levava em sua bagagem material diplomático sem autorização, informaram nesta quinta-feira fontes oficiais.
Vásquez, ex-presidente da Câmara dos Deputados da Bolívia, denunciou ontem que a polícia o reteve por várias horas quando iria embarcar para o Brasil para se reunir com o senador Roger Pinto, que fugiu de La Paz há duas semanas.
Horas depois da detenção, que fez com que o advogado perdesse o voo, o vice-ministro de Regime Interior, Jorge Pérez, afirmou em entrevista coletiva que os carimbos diplomáticos que estavam na bagagem de Vásquez não tinham passado por nenhum controle por parte do Estado.
Desta forma, como a Força Especial de Luta Contra o Crime (FELCC) comprovou que não havia nenhum passageiro no voo com passaporte diplomático, o advogado foi detido para que suas malas fossem inspecionadas.
Pérez anunciou que foi aberta uma investigação para esclarecer o ocorrido. Vásquez denunciou ontem que iria ao Brasil para se reunir com o senador boliviano Roger Pinto, mas ele e sua bagagem foram retidos e objeto de vários exames físicos, inclusive por parte da força policial antidrogas.
Segundo o ex-presidente da câmara, os agentes buscavam um elemento que justificasse sua detenção e falaram de uma suspeita de que ele levaria material diplomático de um funcionário brasileiro e que procuravam uma grande quantidade de dinheiro.
"Há um afã persecutório", disse Vásquez. O advogado contou que sentiu medo ao ver que funcionários governamentais e policiais estão "armando este tipo de coisas com motivos subalternos".
Após o incidente, Vásquez disse que provavelmente já não viajará mais ao Brasil, onde deveria assessorar o senador opositor, que em 23 de agosto fugiu para Brasília da embaixada brasileira em La Paz, onde vivia com asilo diplomático há quase 15 meses.
Roger Pinto saiu da Bolívia sem o salvo-conduto necessário por parte do governo do presidente Evo Morales e com ajuda de funcionários da legação brasileira. O fato provocou uma crise diplomática entre ambos os países, embora Morales tenha dito que o assunto está encerrado após se reunir na semana passada com a presidente Dilma Rousseff.
O opositor assegura que é um perseguido político por ter denunciado supostos vínculos de funcionários governamentais com o narcotráfico, mas o Executivo boliviano rejeita essa versão e argumenta que o senador tem contas pendentes com a Justiça por corrupção.
O governo Morales confirmou na quarta-feira que amanhã à tarde três ministros bolivianos conversarão sobre o caso com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e com o advogado-geral da União, Luis Inácio Adams.