Bolsonaro cumprimenta participantes aglomerados em ato de apoio a governo
O presidente Jair Bolsonaro foi ao encontro de manifestantes que se aglomeraram neste domingo na frente do Palácio do Planalto, apesar das regras de isolamento e contrariando orientações de especialistas de saúde para conter a pandemia do novo coronavírus.
Bolsonaro apareceu, sem máscara, em um vídeo publicado ao vivo em rede social cumprimentando apoiadores, que agitavam bandeiras do Brasil e o chamavam de "mito", dias depois de o Brasil ultrapassar a Rússia e se tornar segundo país mundo em casos de Covid-19, atrás apenas dos Estados Unidos.
"Mais uma manifestação espontânea do povo pela democracia e pela liberdade...Pessoas querendo realmente que o Brasil vá pra frente", disse o presidente.
A manifestação, uma das várias que Bolsonaro tem participado nas últimas semanas, ocorreu quando o governo do presidente dos EUA, Donald Trump, um aliado próximo de Bolsonaro, avalia uma possível proibição à entrada naquele país de viajantes do Brasil por causa do agravamento da pandemia no país.
Dados do Ministério da Saúde divulgados na noite de sábado mostraram que 16.508 novos casos haviam sido registrados nas últimas 24 horas, elevando o total para 347.398 , enquanto o número de mortos aumentou em 965 para 22.013.
Bolsonaro, sem máscara, posou para fotografias e cumprimentou algumas pessoas, provocando aglomerações, parte de um padrão contrário a orientações de profissionais de saúde para conter a pandemia. O presidente também fez um sobrevoo em helicóptero da Força Aérea.
Manifestação a favor de Bolsonaro também ocorria em São Paulo, epicentro da pandemia do Covid-19 no país.
Os atos acontecem após decisão na sexta-feira do ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), de divulgar um vídeo de uma reunião ministerial de 22 de abril, no âmbito de investigação sobre suposta tentativa de interferência do presidente na Polícia Federal.
Além de comparecer à manifestação, Bolsonaro ainda publicou em sua conta no Twitter um trecho da lei de abuso de autoridade, no que parecia uma crítica à decisão do ministro Celso de Mello, do STF, de divulgar o vídeo.
"Divulgar gravação ou trecho de gravação sem relação com a prova que se pretenda produzir, expondo a intimidade ou a vida privada ou ferindo a honra ou imagem do investigado ou acusado: pena de detenção de 1 a 4 anos", publicou o presidente.
Novas mensagens foram anexadas ao inquérito do STF, uma delas enviada na manhã do dia 22 de abril, portanto antes da reunião ministerial, em que Bolsonaro teria afirmado ao então ministro da Justiça sobre a queda do então diretor-geral da PF, Maurício Valeixo.
"Moro, Valeixo sai esta semana", teria escrito o presidente, segundo diálogo relevado no sábado pelo jornal Estado de S. Paulo, e confirmado pela Reuters com uma fonte próxima ao caso. "Está decidido", emendou, citando que caberia ao ministro apenas dizer a forma, se "a pedido ou ex oficio" (sic).
O Palácio do Planalto não se manifestou de imediato ao ser perguntado se a publicação do presidente deste domingo se refere à decisão do ministro Celso de Mello de divulgar o vídeo da reunião ministerial. O STF também não respondeu de imediato a solicitação de comentário.