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Bolsonaro demite secretário que copiou ministro nazista

Presidente chamou o pronunciamento de Roberto Alvim de "infeliz"

17 jan 2020 - 13h35
(atualizado às 14h42)
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O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta sexta-feira (17) a demissão do secretário de Cultura do governo, Roberto Alvim, que havia divulgado um vídeo no qual usa frases de um discurso de Joseph Goebbels, ministro responsável pela propaganda nazista no regime de Adolf Hitler.

Roberto Alvim disse que semelhança com discurso nazista foi 'coincidência retórica'
Roberto Alvim disse que semelhança com discurso nazista foi 'coincidência retórica'
Foto: Reprodução / Ansa - Brasil

"Comunico o desligamento de Roberto Alvim da Secretaria de Cultura do Governo. Um pronunciamento infeliz, ainda que tenha se desculpado, tornou insustentável a sua permanência. Reitero nosso repúdio às ideologias totalitárias e genocidas, como o nazismo e o comunismo, bem como qualquer tipo de ilação às mesmas. Manifestamos também nosso total e irrestrito apoio à comunidade judaica, da qual somos amigos e compartilhamos muitos valores em comum", diz a nota.

O pronunciamento de Alvim havia sido criticado pelos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, do Senado, Davi Alcolumbre, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e até pelo guru do bolsonarismo, Olavo de Carvalho.

O vídeo em questão foi publicado para apresentar o "Prêmio Nacional das Artes", que financiará projetos culturais em sete categorias diferentes, de óperas a histórias em quadrinhos.

Em determinado trecho da gravação, Alvim diz: "A arte nacional da próxima década será heroica e será nacional. Será dotada de grande capacidade de envolvimento emocional e será igualmente imperativa, posto que profundamente vinculada às aspirações urgentes do nosso povo, ou então não será nada".

As frases são semelhantes a um discurso feito por Goebbels, o grande ideólogo da propaganda nazista, para diretores teatrais em Berlim, em 1933.

"A arte alemã da próxima década será heroica, será ferreamente romântica, será objetiva e livre de sentimentalismo, será nacional, com grande páthos, e igualmente imperativa e vinculante, ou então não será nada", disse Goebbels na ocasião.

O trecho está em uma biografia escrita pelo historiador alemão Peter Longerich e publicada no Brasil em 2014, pela editora Objetiva. O restante do discurso de Alvim é marcado pela retórica nacionalista e pela defesa de uma cultura baseada na "pátria", na "família", na "coragem do povo" e em sua "profunda ligação com Deus".

"As virtudes da fé, da lealdade, do autossacrifício e da luta contra o mal serão alçadas ao território sagrado das obras de arte", acrescentou o agora ex-secretário. Em seu perfil no Facebook, Alvim disse que houve apenas uma "coincidência retórica" entre seu pronunciamento e o discurso de Goebbels.

"Todo o discurso foi baseado num ideal nacionalista para a arte brasileira, e houve uma coincidência com uma frase de um discurso de Goebbels... Não o citei e jamais o faria", justificou, acrescentando que a "frase em si é perfeita".

Mais tarde, ele culpou "assessores" pela menção a Goebbels e pediu desculpas à comunidade judaica, mas não foi suficiente para evitar a queda. Em sua nota oficial, Bolsonaro não faz menção ao plano de Alvim de uniformizar a arte sob a bandeira do nacionalismo.

Ansa - Brasil
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