Bolsonaro deu aval para destruir Amazônia, aponta ONG
Relatório da Human Rights Watch denunciou políticas do Brasil
Um relatório elaborado pela ONG de direitos humanos Human Rights Watch (HRW) divulgado nesta terça-feira (14) denuncia as políticas ambientas do presidente Jair Bolsonaro e afirma que seu governo enfraqueceu o combate a atividades ilegais na Amazônia. "Suas políticas ambientais na prática deram carta branca às redes criminosas que praticam extração ilegal de madeira na Amazônia e usam intimidação e violência contra povos indígenas, comunidades locais e servidores de agências ambientais que tentam defender a floresta", diz o relatório.
O relatório, que dedica 9 das suas 652 páginas ao Brasil, ainda ressalta que as instituições públicas colocam em risco agentes que atuam em regiões como a Amazônia, principalmente porque vivem sob constante ameaças de grupos criminosos. De acordo com a HRW, o desmatamento no Brasil cresceu 80% entre janeiro e meados de dezembro. "Ao mesmo tempo, o número de multas por desmatamento ilegal emitidas pelo Ibama, principal órgão ambiental federal do Brasil, caiu 25% de janeiro a setembro de 2019".
Além disso, o documento também cita a autorização emitida pelo Ministro da Agricultura para 382 novos agrotóxicos e diz que o "governo não monitora adequadamente a presença de resíduos de agrotóxicos na água e nos alimentos". A ONG aproveitou o texto para criticar a situação dos direitos humanos no Brasil, incluindo os abusos policiais e o aumento das mortes cometidas pelas autoridades.
"Enquanto algumas das mortes provocadas por ação policial decorrem de legítima defesa, muitas outras resultam do uso ilegal da força", diz a HRW, ressaltando os problemas carcerários. Entre outros temas, os ataques à imprensa e negação da ditadura por parte do governo brasileiro foram citados. O relatório citou que "Bolsonaro atacou repetidamente organizações da sociedade civil e a mídia independente". O presidente "fez ataques verbais a meios de comunicação e repórteres cuja cobertura não o agradou", acrescentou o texto.
Após a divulgação do documento, o Planalto disse que não irá comentar as denúncias. No entanto, o ministério da Justiça e Segurança Pública disse, em nota, que atuou com rigor nas questões sobre a Amazônia o ano inteiro de 2019. "Por determinação do MJSP, a Força Nacional de Segurança Pública atuou em várias frentes, participando de sete grandes operações ambientais na região, entre elas a Operação Verde Brasil que combateu o fogo nas regiões atingidas por incêndios. A Força também foi enviada pelo Ministério para quatro operações em terras indígenas", diz o comunicado.