Bolsonaro diz à PF que vai entregar segundo pacote de presentes, diz advogado
O ex-presidente Jair Bolsonaro avisou nesta segunda-feira à Polícia Federal que vai entregar ao Tribunal de Contas da União (TCU) o segundo pacote de presentes que recebeu do governo saudita, informou em petição o advogado Amador Cunha Bueno, em mais uma mudança na estratégia de defesa para enfrentar o caso que envolve o ex-chefe do Executivo e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro nas últimas semanas.
"Considerando, ainda diante do quanto ventilado nos veículos de imprensa, vem também informar que nesta data peticionou junto ao Tribunal de Contas da União, requerendo os bens objeto de representação naquela Corte de Contas, os quais, ao que parece, seriam objetos da dita investigação nesta Delegação de Polícia Federal, sejam depositados naquele juízo, até ulterior decisão acerca dos mesmos", disse o defensor.
O advogado disse ter comparecido de forma espontânea perante à Delegação de Crimes Fazendários da superintendência da PF em São Paulo colocando-se à disposição para prestar esclarecimentos, inclusive com o depoimento de Bolsonaro.
Na manifestação, de quatro páginas, o defensor destacou que em nenhum momento o ex-presidente "pretendeu locupletar-se ou ter para si bens que pudessem, de qualquer forma, serem havidos como públicos". Disse que para evitar uma discussão sobre isso e que, por isso, requer que as joias fiquem sob custódia pública até se definir a correta destinação de forma definitiva. Pediu ainda acesso à integra dos autos.
Além da PF, outras quatro instituições investigam Bolsonaro sobre o recebimento das joias.
A posição da defesa contrasta com o que vinha sendo articulado nos bastidores pelo advogado Frederick Wassef, advogado da família de Bolsonaro, segundo uma fonte.
Em nota divulgada na terça-feira passada, Wassef informou que o ex-presidente havia declarado oficialmente os "bens de caráter personalíssimo recebidos em viagens, não existindo irregularidade em suas condutas" --ou seja, eram artigos passíveis de serem adicionados ao acervo pessoal, não apenas destinados à propriedade da União.
De forma intencional, havia frisado a fonte, não foi dito na nota anterior de Wassef se os presentes recebidos por Bolsonaro foram efetivamente declarados à Receita.