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Bolsonaro diz que Brasil deixará Acordo de Paris se não forem aceitas mudanças

12 dez 2018 - 21h46
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O presidente eleito Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que o Brasil vai deixar o Acordo de Paris se não forem aceitas mudanças que seu governo pretende apresentar, em uma nova ameaça sobre a participação do país no pacto global sobre as mudanças climáticas.

Bolsonaro em Brasília
 4/12/2018   REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro em Brasília 4/12/2018 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

"Nós vamos sugerir mudanças no Acordo de Paris. Se não mudar, saímos fora", disse Bolsonaro em transmissão ao vivo numa rede social.

"Quantos países não assinaram esse acordo? Muitos países importantes não assinaram, outros saíram. Por que o Brasil tem que dar uma de politicamente correto e permanecer num acordo possivelmente danoso à nossa soberania? A nossa soberania jamais estará em jogo", acrescentou.

O Acordo de Paris foi aprovado por 195 países em 2015 e tem como uma de suas principais metas reduzir a emissão de gases do efeito estufa, de forma a evitar o aquecimento global. Em junho do ano passado, os Estados Unidos saíram do acordo por decisão do presidente Donald Trump.

Admirador do presidente norte-americano, Bolsonaro disse durante a campanha eleitoral que poderia retirar o Brasil do pacto. Desde que foi eleito, já afirmou que pode seguir no acordo se forem cumpridas certas condições.

O futuro ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse à Reuters que o Brasil deve permanecer no Acordo de Paris, mas, em linha com o discurso de Bolsonaro, ressaltou que o mundo também precisa respeitar a autonomia do país para estabelecer suas políticas ambientais. [nL1N1YG0BY]

Na transmissão desta quarta-feira, Bolsonaro prometeu o fim do que chama de multas ambientais indiscriminadas e disse que se for preciso irá propor mudanças da legislação ao Congresso para que a política ambiental não atrapalhe o progresso do país.

COAF

Bolsonaro voltou a dizer que vai pagar a conta se tiver cometido algum erro no caso da movimentação financeira atípica de um ex-assessor do filho Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), que é deputado estadual e senador eleito.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) mostrou movimentação de 1,2 milhão de reais do ex-assessor Fabrício Queiroz. O próprio Bolsonaro já reconheceu que há depósitos de Queiroz na conta da futura primeira-dama, Michelle Bolsonaro.

"Eu não sou investigado, meu filho Flávio não é investigado e, pelo que me consta, nosso ex-assessor será ouvido pela Justiça na semana que vem, onde a gente espera obviamente que ele dê esclarecimentos", disse Bolsonaro em transmissão ao vivo em uma rede social.

"Se algo estiver errado, seja comigo, com meu filho, com Queiroz, que paguemos a conta deste erro. Não podemos comungar com erro de ninguém."

No sábado, o presidente eleito explicou os depósitos na conta da mulher em função de um empréstimo que havia feito a Queiroz e afirmou estar disposto a responder se cometeu um erro em não declarar essa operação no Imposto de Renda.

"Eu já o socorri financeiramente em outras oportunidades. Nessa última agora houve um acúmulo de dívida e ele resolveu me pagar... em 10 cheques de 4 mil reais. Eu não botei na minha conta porque tenho dificuldade para ir em banco e deixei para minha esposa", disse Bolsonaro no fim de semana.

"Se errei (em não ter declarado o dinheiro recebido de Queiroz), eu arco minha responsabilidade junto ao fisco", acrescentou.

O presidente eleito lamentou o episódio na transmissão e reafirmou seu compromisso no combate à corrupção, uma de suas principais bandeiras na campanha eleitoral.

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