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Bolsonaro vê "psicose ambiental" e diz: Inpe mente em dados

19 jul 2019 - 13h10
(atualizado às 13h23)
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Bolsonaro participa de evento em Brasília 19/7/2019 REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro participa de evento em Brasília 19/7/2019 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

O presidente Jair Bolsonaro acusou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que faz o levantamento de dados sobre desmatamento no país, de ter divulgado dados mentirosos e chegou a insinuar que o presidente do instituto pode estar "a serviço de alguma ONG".

"A questão do Inpe, eu tenho a convicção que os dados são mentirosos, e nós vamos chamar aqui o presidente do Inpe para conversar sobre isso, e ponto final nessa questão", afirmou o presidente durante café da manhã com jornalistas estrangeiros,referindo-se ao presidente do instituto, Ricardo Galvão. "Mandei ver quem está à frente do Inpe. Até parece que está a serviço de alguma ONG, o que é muito comum", disse.

Dados divulgados pelo Inpe esta semana mostram que o desmatamento na Amazônia disparou na primeira metade de julho e superou toda a taxa registrada no mesmo mês no ano passado. Os dados preliminares dos satélites mostram o desmatamento de mais de mil quilômetros quadrados de floresta, 68% a mais do que o mês de julho de 2018.

Bolsonaro chegou a dizer que esses dados são "uma cópia de anos anteriores". "Pelo nosso sentimento isso não corresponde à verdade", afirmou.

Questionado seguidamente pelos repórteres sobre questões ambientais, Bolsonaro demonstrou irritação com o tema. Além de negar os dados de desmatamento, chegou a dizer que existe uma "psicose ambiental" no Brasil e, ao responder um jornalista europeu que o questionava, disparou: "A Amazônia é nossa, não é de vocês."

"Se for somado o desmatamento que falam dos últimos 10 anos a Amazônia já acabou. Eu entendo a necessidade de preservar, mas a psicose ambiental deixou de existir comigo", disse.

Em um encontro em que os jornalistas eram, em sua maioria, estrangeiros radicados no Brasil, o presidente começou sua fala dizendo que a maior parte da imprensa "lá de fora" tem uma visão distorcida do que ele é e do que pretende fazer.

"Eu entendo perfeitamente o envenenamento que fazem lá fora", afirmou. "Não queremos mudar o que pensam lá fora, mas dar a verdade dos fatos."

Acusou os últimos presidentes -citando Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff- de "fracos", "antipatriotas" e "corruptos".

"Vocês de fora estão com saudades dos governos corruptos e descomprometidos com o Brasil. É isso que vocês querem aqui. Se fosse outro presidente, depois de Osaka, já teria mais 50 reservas indígenas demarcadas de forma subserviente. Isso mudou, tem que entender que isso mudou", respondeu a uma das questões sobre ambiente, referindo-se a reunião do G20 no Japão, no mês passado, da qual participou e chegou a dizer que não seria pressionado por outras nações.

Fome

Questionado sobre o aumento da desigualdade no país, o presidente surpreendeu os jornalistas estrangeiros ao negar que haja fome no Brasil.

"Falar que se passa fome no Brasil é uma grande mentira. Passa-se mal, não come bem, aí eu concordo. Agora, passar fome, não", defendeu.

Bolsonaro acrescentou que não se vê no país, mesmo entre as pessoas mais pobres, "gente pelas ruas com físico esquelético como se vê em outros países do mundo".

Dados do Fundo das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação apontaram que em 2017 5,2 milhões de pessoas passavam fome no Brasil, número ligeiramente maior do que os de 2014, em que 5,1 milhões de pessoas estariam nessa condição. Para a FAO, o combate à fome no país está estagnado.

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