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Bolsonaro diz que pode fazer novo pronunciamento para redirecionar ações contra coronavírus

27 mar 2020 - 17h45
(atualizado às 18h33)
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O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sexta-feira que avalia fazer um novo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV na noite de sábado após uma conversa que deve ter com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, na qual vai defender o redirecionamento das ações de combate ao novo coronavírus.

Presidente Jair Bolsonaro
27/03/2020
REUTERS/Ueslei Marcelino
Presidente Jair Bolsonaro 27/03/2020 REUTERS/Ueslei Marcelino
Foto: Reuters

Em entrevista ao programa Brasil Urgente, do apresentador José Luiz Datena, Bolsonaro defendeu que tem de haver uma mudança na estratégia para o chamado "isolamento vertical", em que apenas grupos de risco, como idosos e portadores de doenças crônicas pré-existentes, devem ficar em confinamento.

O "isolamento vertical" não é preconizado até o momento pelo Ministério da Saúde nem pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como melhor forma de conter o avanço da pandemia de coronavírus.

Bolsonaro disse que Mandetta está fazendo um "bom trabalho" à frente da pasta e deu-lhe "parabéns". Mas avaliou que tem de haver um redirecionamento das ações e citou o isolamento vertical. Ele afirmou que em seu governo cada ministro não fica "isolado" e "faz o que dá na cabeça".

"Não é total liberdade para ele, eu tenho meu posicionamento", disse. "Eu discuto com o ministro, não imponho a minha vontade", reforçou, ao acrescentar que na maioria das vezes está certo.

"Tenho o poder de interferir, vou interferir sem problema nenhum. Sou presidente para isso, votaram em mim, não votaram em nenhum ministro", declarou.

Novamente, o presidente criticou medidas mais drásticas de confinamento social adotadas por governos estaduais e municipais. Defendeu que as pessoas retomem suas atividades e disse que essas iniciativas para conter o vírus podem parar o país, levando a um aumento do desemprego, da fome e da violência.

Bolsonaro disse que, a se perdurar essa quarentena além do natural, o efeito para a economia brasileira será muito maior do que a paralisação dos caminhoneiros, ocorrida em maio de 2018.

"Economia está parada no Brasil todo", disse, ao ressalvar que Estados têm problema também. Segundo ele, ao defender a retomada do trabalho, está "faltando pão na mesa" do brasileiro que trabalhava na informalidade. "A gente tem que acabar com esse clima de histeria, de pânico", disse.

O presidente destacou que conseguiu se aprovar bilhões de reais na ajuda para as possíveis consequências do vírus porque o Congresso aprovou o decreto do estado de calamidade pública. Ponderou que, embora não haja agora um teto de gastos, a "conta vem".

"Temos que tomar providências para que quem tem emprego vá trabalhar, não podemos agir de maneira irresponsável", disse. "Você não pode simplesmente se esconder, se enclausurar, ficar de quarentena e tudo bem. Tudo bem, não!", exaltou-se.

Bolsonaro classificou como erro e falta de bom senso confinamento determinado por parte de governadores e prefeitos. Considerou que o Brasil estava "decolando na economia", com a criação de 1 milhão de empregos no ano passado, mas "tudo foi perdido" em razão da pandemia do coronavírus.

Em tom de alerta, o presidente avaliou que o vírus mata, mas a fome vai matar muito mais pessoas.

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