Bolsonaro enfrentará hostilidade do governo Biden sobre clima e direitos humanos, diz HRW
O presidente Jair Bolsonaro enfrentará hostilidade em Washington em relação às suas políticas ambientais e de direitos humanos durante a administração de Joe Biden, e cada vez mais pressão para reverter o desmatamento da Amazônia, afirmou um grupo de direitos humanos nesta quarta-feira.
O presidente norte-americano Donald Trump, prestes a deixar o cargo, compartilhava da indiferença de Bolsonaro às mudanças climáticas, mas o presidente eleito Joe Biden se preocupa profundamente com essas questões, afirmou o diretor-executivo da Human Rights Watch, Kenneth Roth.
"Bolsonaro é um desses autocratas amigáveis dos quais Trump se aproximou. Ele encontrará tremenda hostilidade em Washington", disse Roth.
Os Estados Unidos se juntarão à União Europeia na condenação do que Bolsonaro está fazendo na Amazônia e por permitir ataques a defensores da floresta, afirmou Roth em uma entrevista coletiva virtual para a publicação do relatório mundial anual da Human Rights Watch.
"Até que a realidade mude, e o desmatamento seja revertido, veremos cada vez mais pressão sobre o presidente Bolsonaro, que não terá mais amigos na Casa Branca", disse.
O desmatamento da Amazônia "disparou" devido às políticas "desastrosas" de Bolsonaro, disse Roth, mas o novo ambiente político tornará mais difícil para ele permitir que madeireiros ilegais continuem "devastando e queimando a Amazônia".
O enfraquecimento na aplicação de leis ambientais também permitiu o crescimento do uso ilegal de queimadas para liberar a terra. O desmatamento chegou ao nível mais alto nos últimos 12 anos em 2020, quando uma área da floresta sete vezes maior do que Londres foi desmatada, segundo o instituto de pesquisa espacial do governo (Inpe).
Bolsonaro afirma que a Amazônia precisa ser desenvolvida economicamente para melhorar a vida dos seus 30 milhões de habitantes.
Ambientalistas dizem que pavimentar estradas através da floresta a matará.
O Palácio do Planalto não respondeu de imediato ao pedido por comentários sobre o relatório da Human Rights Watch que diz que ele minou direitos humanos e sabotou os esforços contra a Covid-19.