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Bolsonaro oficializa saída do PSL

19 nov 2019 - 19h27
(atualizado em 20/11/2019 às 05h35)
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Presidente assina desfiliação da legenda e deve lançar nos próximos dias seu novo partido, Aliança pelo Brasil. Senador Flávio Bolsonaro segue passos do pai e também deixa o PSL.O presidente Jair Bolsonaro assinou nesta terça-feira (19/11) a desfiliação do PSL, durante uma reunião no Palácio do Planalto com seus advogados. A saída ocorreu em meio a uma disputa pelo poder da legenda pela qual ele foi eleito.

Saída de Bolsonaro ocorre após uma batalha pelo controle do PSL
Saída de Bolsonaro ocorre após uma batalha pelo controle do PSL
Foto: DW / Deutsche Welle

"A matéria está decidida, não tem volta. O presidente está se desfiliando hoje do PSL", anunciou a advogado do presidente, Admar Gonzaga. "O PSL, quem quiser, fique com ele. O partido do presidente será outro e, com ele, certamente, virão os leais", acrescentou.

Bolsonaro deve lançar na quinta-feira seu partido, a Aliança pelo Brasil, do qual provavelmente assumirá a liderança. A defesa do presidente afirmou que não há impedimentos legais para ele comandar da legenda.

Além do presidente, seu filho Flávio Bolsonaro, que é senador pelo Rio de Janeiro, também apresentou um pedido de desfiliação do PSL. Os advogados de Bolsonaro disseram que há motivos suficientes para alegar justa causa para a saída de parlamentares da legenda e evitar assim que percam os mandatos.

"O que se viu na postura do presidente do PSL e de todos aqueles que o acompanham é, justamente, uma flagrante falta de compromisso com a transparência e boa gestão do dinheiro público", afirmou Gonzaga ao jornal Folha de S.Paulo.

Segunda maior bancada da Câmara, o PSL possui 53 deputados. No Senado, a legenda contava com três senadores, incluindo Flávio. Diversos parlamentares bolsonaristas devem seguir o presidente no novo partido. O deputado Eduardo Bolsonaro (SP) já disse que pretende se filiar ao Aliança pelo Brasil, mas deixará o PSL somente depois da oficialização da sigla.

O primeiro passo para fundar a nova legenda é o recolhimento de quase 500 mil assinaturas, coletadas em ao menos nove estados. Essa lista de apoio deve ser apresentada no momento em que o pedido de abertura for protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que analisará a questão. Isso deve ocorrer em menos de cinco meses, se a Aliança pelo Brasil quiser lançar candidatos para as eleições municipais de 2020.

A saída de Bolsonaro ocorre após uma batalha entre o clã Bolsonaro e o presidente nacional da sigla, o deputado Luciano Bivar (PSL-PE), pelo controle da legenda, que é alvo de uma série de acusações de candidaturas laranjas. A disputa envolve também o poder sobre os imensos fundos partidários aos quais o partido tem direito - a previsão é que a legenda receba 110 milhões de reais neste ano.

No mês passado, Bolsonaro e mais 23 parlamentares chegaram a entrar com pedido na Procuradoria Geral da República (PGR) para o bloqueio dos repasses do fundo ao PSL e o afastamento de Bivar da sigla, alegando supostas irregularidades cometidas pelo dirigente.

Após passar por sete legendas, Bolsonaro se filiou ao PSL para disputar as eleições presidenciais de 2018, e seus filhos Eduardo e Flávio se tornaram líderes do partido em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. Um ex-aliado de Bolsonaro, o ex-ministro Gustavo Bebianno, chegou a assumir interinamente a presidência nacional do partido durante a campanha eleitoral, no lugar de Bivar.

A crise instalada dentro do partido eclodiu após declarações públicas de Bolsonaro, que desencadearam uma troca de farpas entre o presidente e Bivar. Bolsonaro recomendou a um apoiador que "esquecesse" o PSL e afirmou que Bivar "está queimado para caramba" em seu estado, Pernambuco.

Bivar reagiu afirmando que a fala de Bolsonaro foi "terminal". "Ele já está afastado. Não disse para esquecer o partido? Está esquecido", declarou o presidente do partido.

Oficialmente, o grupo de Bolsonaro no PSL manteve o discurso de que está insatisfeito com Bivar por causa da falta de transparência no comando da sigla e a eclosão das suspeitas em torno das candidaturas de fachada em Pernambuco.

Ainda assim, o próprio presidente da República insiste em manter no cargo o ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, que também é suspeito de comandar um esquema similar de candidaturas laranjas em Minas Gerais.

Já os apoiadores de Bivar acusam o grupo do presidente de querer controlar a gorda fatia do fundo partidário que cabe ao PSL desde que a sigla se tornou a segunda maior bancada da Câmara.

CN/ots

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