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Bolsonaro pede novo visto nos EUA para 'clarear a cabeça' e 'aproveitar como turista', diz advogado

Ex-presidente entrou no país com visto diplomático e agora requer visto de turismo para continuar na Flórida por até mais seis meses.

30 jan 2023 - 17h57
(atualizado às 19h33)
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Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro
Foto: Reuters / BBC News Brasil

O ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL) pediu às autoridades americanas um visto de turismo que lhe permita permanecer mais seis meses nos Estados Unidos. A informação foi confirmada à BBC pelo advogado de Bolsonaro, Felipe Alexandre.

"Ele dedicou 34 anos de sua vida ao serviço público e gostaria de tirar uma folga, clarear a cabeça e aproveitar como turista nos Estados Unidos por alguns meses antes de decidir qual será seu próximo passo", afirmou Alexandre.

Segundo o advogado, Bolsonaro permanecerá nos EUA enquanto seu pedido estiver sendo considerado. O visto de turismo B1/B2 permitiria que ele permanecesse nos EUA por até seis meses.

Alexandre, do escritório de migração AG Immigration, disse que o pedido para alterar o status de Bolsonaro foi recebido pelas autoridades de imigração dos EUA na sexta-feira (27/01).

A informação sobre o pedido de visto foi publicada nesta segunda-feira (30/01) pelo jornal britânico Financial Times.

Bolsonaro ingressou nos EUA no dia 30 de dezembro, enquanto ainda era presidente do Brasil, e apresentou ao oficial de imigração na Flórida um visto A-1, documento diplomático destinado às autoridades em visitas oficiais.

Ele deixou o Brasil antes do fim de seu mandato e não transmitiu a faixa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que assumiu a Presidência do país no dia 1° de janeiro.

Ex-presidente junto com o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, na Flórida
Ex-presidente junto com o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, na Flórida
Foto: Reprodução/Instagram / BBC News Brasil

De lá pra cá, a situação jurídica de Bolsonaro se complicou: além das investigações que já enfrentava, Bolsonaro agora é alvo de inquéritos por uma possível incitação à insurgência de seus apoiadores no 8 de janeiro e por possível negligência de seu governo em relação aos indígenas yanomami.

Bolsonaro nega que tenha tido qualquer participação no ataque à Praça dos Três Poderes, que disse ser uma manifestação "que foge às regras". E acusou as denúncias sobre desnutrição grave dos yanomami de ser uma "farsa de esquerda".

A permanência de Bolsonaro nos EUA tem causado mal-estar na base democrata do presidente Joe Biden no Congresso. Há duas semanas, dezenas de congressistas pediram em carta a Biden que o governo americano não permitisse o uso do território americano como "refúgio" por Bolsonaro.

O deputado democrata americano Joaquin Castro, do Texas, disse à BBC News Brasil que o pedido de visto deveria ser negado. Ele afirmou que Bolsonaro "é perigoso e não deveria ser autorizado a permanecer nos EUA".

No fim de semana, o senador Flávio Bolsonaro (PL), filho do ex-presidente, afirmou que ele poderia voltar ao Brasil "amanhã, daqui 6 meses ou nunca".

Bolsonaro chegou a ser internado na Flórida por uma obstrução intestinal, complicação decorrente da facada que ele sofreu em 2018.

O médico de Bolsonaro no Brasil, Antônio Macedo, chegou a dizer que ele precisaria se submeter a novo procedimento cirúrgico, mas, segundo Flávio, o pai está em boas condições de saúde.

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