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Bolsonaro quer Amazônia preservada, mas sem bens "escondidos"

11 fev 2020 - 18h14
(atualizado às 22h56)
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O presidente Jair Bolsonaro disse nesta terça-feira que o governo quer a preservação da floresta amazônica, mas deseja também que os recursos que ela contém não fiquem escondidos lá para sempre.

"Temos que nos preparar, temos a capacidade de antecipar problemas e realmente implementar políticas que passem cada vez mais a dizer que a Amazônia é nossa", disse Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto que para transferir o Conselho Nacional da Amazônia Legal do Ministério do Meio Ambiente para a Vice-Presidência da República.

"Nós queremos que ela seja preservada, mas que também os seus bens não fiquem lá simplesmente escondidos para sempre. Queremos a Amazônia cada vez mais brasileira", acrescentou.

Bolsonaro participa de evento no Palácio do Planalto 5/2/2020 REUTERS/Adriano Machado
Bolsonaro participa de evento no Palácio do Planalto 5/2/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

No discurso, com forte tom nacionalista, o presidente fez questão de deixar "bem claro" que ninguém é contra dar a "devida proteção e terra aos nossos irmãos índios".

"Agora da forma que foi feito --hoje em dia reflete 14% do território nacional demarcado por terras indígenas-- é um tanto quanto abusivo", ressalvou.

Bolsonaro disse que o conselho é um projeto de governo e tem muita esperança que possa dar a devida resposta aos críticos. "Ano passado, um chefe de Estado, da Europa, ousou dizer que a soberania sobre a Amazônia não era nossa, era relativa, e outros autoridades falaram coisas semelhantes no passado", disse ele, numa referência indireta ao presidente da França, Emmanuel Macron.

Durante a cerimônia, Bolsonaro fez afagos ao vice-presidente Hamilton Mourão, que vai presidir o conselho e com quem teve divergências no início do governo. Disse que Mourão tem "competência mais do que suficiente para que este conselho atinja o objetivo que é interesse de todos nós".

O presidente aproveitou a solenidade para exaltar o projeto de lei enviado na semana passada pelo governo ao Congresso que permite a mineração e outras atividades de exploração econômica em terras indígenas. Ele frisou que o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, "em boa hora" apresentou a proposta e que agora a questão está no Legislativo.

Segundo Bolsonaro, se a proposta passar, "os nossos irmãos índios, se assim o desejarem, poderão fazer na sua terra tudo aquilo que o seu colega branco fazendeiro faz ali do lado".

Durante a solenidade, o vice-presidente agradeceu à "honrosa" missão a quem Bolsonaro lhe confiou, destacou que o impulso ao conselho é uma das decisões mais importantes tomadas na história recente do país e que é preciso estabelecer as bases de uma verdadeira política de Estado para a região.

"Proteção, preservação e desenvolvimento sustentável da Amazônia é uma tarefa de todos os brasileiros", disse Mourão, para quem a região é um enorme espaço para oportunidades.

O conselho, segundo nota da Assessoria de Comunicação Social da Vice-Presidência, será composto pelos ministros da Casa Civil, da Justiça e Segurança Pública, da Defesa, das Relações Exteriores; da Economia, da Infraestrutura, da Agricultura, da Ciência e Tecnologia, das Minas e Energia, do Meio Ambiente, do Desenvolvimento Regional, da Secretaria-Geral, da Secretaria de Governo e do Gabinete de Segurança Institucional.

O colegiado tinha sido criado inicialmente no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Em entrevista coletiva, Mourão disse que vai trabalhar para que haja uma coordenação e controle de iniciativas para a região amazônica que estão sendo feitas isoladamente em órgãos de governo e quer contar com o apoio de Estados, municípios, a sociedade civil e a área acadêmica.

O vice-presidente disse que buscará se antecipar a problemas e evitar que ocorram desmatamento e queimadas ilegais na região.

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