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Bolsonaro quer Moro no STF ou no Ministério da Justiça

30 out 2018 - 00h39
(atualizado às 11h31)
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Em série de entrevistas, presidente eleito diz que pretende convidar o juiz para compor seu governo ou, quando surgir uma vaga, indicá-lo para o Supremo. Segundo jornal, magistrado não descarta aceitar um convite.O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou nesta segunda-feira (29/10) que pretende convidar o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância, para ser seu ministro da Justiça, ou indicá-lo para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF).

O capitão da reserva declarou sua intenção em várias entrevistas concedidas à imprensa nesta segunda-feira, um dia após vencer o segundo turno contra Fernando Haddad (PT).

"Se tivesse falado isso lá atrás, durante a campanha, soaria oportunista. Mas pretendo, sim [convidar Moro], não só para o Supremo, mas quem sabe para o Ministério da Justiça. Pretendo conversar previamente com ele", afirmou ele à emissora Record, em sua primeira entrevista após o pleito. "Com toda certeza será uma pessoa de extrema importância."

Bolsonaro reiterou os elogios ao juiz federal em conversa com o SBT. "Ele é uma pessoa excepcional, que goza de um respaldo muito grande da população e tem conhecimento", declarou. "É uma pessoa que merece ser reconhecida por seu trabalho, e nós sabemos que, vindo para o governo, ele fará valer todo o seu conhecimento para o bem do nosso Brasil."

Mais tarde, no Jornal Nacional, da TV Globo, o presidente eleito adiantou que pretende conversar com Moro em breve. "Já foi feita a sinalização positiva."

Questionado sobre qual das duas funções - ministro da Justiça ou do Supremo - ele prefere para o juiz federal, Bolsonaro respondeu: "Na qual melhor ele achasse que poderia trabalhar para o Brasil. É um homem com passado exemplar no combate à corrupção e, em qualquer uma das duas casas, ele levaria avante sua proposta."

Entre os dois cargos, a ida a Brasília viria antes, já que a próxima vaga no STF só deve ser aberta em 2020, quando o ministro Celso de Mello completa 75 anos.

A ideia parece não desagradar Moro. Segundo o jornal O Globo, o juiz disse a interlocutores nesta segunda-feira que não descarta a possibilidade de aceitar um convite para a pasta da Justiça. Afirmou também que ficaria feliz com uma indicação para o STF.

Moro teria argumentado que sua entrada no governo de Bolsonaro poderia tranquilizar setores da sociedade que temem algum tipo de quebra do Estado Democrático e de Direito durante a gestão do militar da reserva, acrescenta o jornal carioca.

O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba não declarou preferência em relação ao candidato do PSL durante a corrida eleitoral, mas interlocutores afirmam que ele enxergava pontos positivos na campanha de Bolsonaro e também temia a volta do PT ao poder.

Nesta segunda-feira, Moro parabenizou o presidente eleito pela vitória e desejou que ele faça um bom governo. "São importantes, com diálogo e tolerância, reformas para recuperar a economia e a integridade da Administração Pública, assim resgatando a confiança da população na classe política", ressaltou o juiz em nota.

Menos contida, a mulher dele, a advogada Rosângela Moro, comemorou a vitória do ex-militar em duas postagens em sua página no Instagram. Em uma delas disse estar "feliz" e publicou uma imagem do Cristo Redentor com o número 17. Poucos minutos depois, postou a bandeira do Brasil com o escrito "sob nova direção".

Bolsonaro já confirmou três nomes para compor seu gabinete: o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a Casa Civil, o general da reserva Augusto Heleno para a Defesa e o economista Paulo Guedes para a Economia.

Em entrevista à Record, ele disse que nos próximos dias deve confirmar o astronauta e tenente-coronel da reserva Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia.

Outros temas

Durante seu espaço na televisão nesta segunda-feira, o presidente falou ainda sobre a necessidade de reformas. À Record, Bolsonaro declarou que vai conversar com o presidente Michel Temer para tentar aprovar "ao menos parte" da reforma da Previdência ainda neste ano, antes de assumir o cargo.

"Semana que vem estaremos em Brasília e buscaremos junto ao atual governo, de Michel Temer, aprovar alguma coisa do que está em andamento lá, como a reforma da Previdência. Se não o todo, parte do que está sendo proposto, o que evitaria problemas para o futuro governo", afirmou.

Já em entrevista ao Jornal Nacional, ele fez críticas ácidas ao jornal Folha de S. Paulo, que publicou reportagens com acusações contra sua campanha, e disse que o veículo não terá recursos de publicidade do governo federal.

"Não quero que [a Folha] acabe. Mas, no que depender de mim, imprensa que se comportar dessa maneira indigna não terá recursos do governo federal. Por si só esse jornal se acabou."

Uma reportagem do diário paulista revelou que empresas teriam desembolsado milhões de reais para comprar serviços de envio de mensagens em massa a usuários da rede social a fim de favorecer Bolsonaro. O caso levou o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a abrir uma investigação para apurar irregularidades.

EK/abr/ots

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