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Bolsonaro tenta isolar Maia, que entra em choque com equipe econômica

14 abr 2020 - 21h47
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O presidente Jair Bolsonaro ensaiou nova tentativa de isolar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), ao convidar para conversa nesta terça-feira Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Congresso Nacional, mas o deputado, em disputa com a equipe econômica, tem conseguido garantir a aprovação das propostas que defende.

13/04/2020
REUTERS/Adriano Machado
13/04/2020 REUTERS/Adriano Machado
Foto: Reuters

Bolsonaro tomou a iniciativa e convidou Alcolumbre para um café da manhã desta terça-feira, um gesto de cordialidade com o chefe do Legislativo. O presidente já havia tentado um encontro com o senador na semana passada, via ministros, mas faltava clima, na opinião do parlamentar.

Nesta semana, no entanto, Bolsonaro telefonou para o senador, que correspondeu ao convite. Os dois debateram a pauta do Senado, mas segundo uma fonte, não houve qualquer definição ou decisão sobre propostas patrocinadas por Maia já encaminhadas para análise dos senadores --a chamada PEC do orçamento de guerra e o polêmico projeto aprovado na véspera de auxílio a Estados e municípios.

Na tarde desta terça, durante sessão do Senado, Alcolumbre anunciou que cobraria "reciprocidade" da Câmara e avisou que só pautará o projeto sobre os entes federativos quando deputados analisarem medidas de autoria dos senadores, referindo-se especificamente a medida que trata de microcrédito para enfrentamento da crise. Já a PEC tem votação prevista para a quarta-feira no plenário da Casa.

Bolsonaro, que praticamente não tem uma base no Congresso, vinha dando sinais de sua movimentação ao convidar, na última semana, lideranças do PP e do PL, na avaliação de uma fonte.

Maia, no entanto, mantém relação próxima com o PL e o PP, além de lideranças da oposição, e tem demonstrado força política ao aprovar medidas que considera prioritárias, inclusive a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) do orçamento de guerra, que precisava de quórum especial para ser aprovada.

Mas durante a crise, e principalmente no decorrer das conversas sobre o projeto de auxílio a Estados e municípios por meio da recomposição da queda de arrecadação de ICMS e ISS, a relação de Maia com o Ministério da Economia esgarçou.

Antes encarado como o fiador das propostas de ajuste fiscal, o presidente da Câmara mantinha boa relação com a equipe econômica. Agora, segundo uma fonte, "a corda rompeu" entre o deputado e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Na avaliação do líder do DEM na Câmara, Efraim Filho (PB), o ministro tem sofrido pressão por resultados, mas não abandona a visão fiscalista, ainda que o Parlamento já tenha aprovado autorização para o governo desconsiderar a meta fiscal.

Ao lembrar dos problemas de articulação do Executivo, o líder aponta a dificuldade do ministro da Economia em convencer os deputados de suas teses, o que acaba estressando a relação com a Câmara.

"É uma guerra de vaidades. O governo se incomoda com o protagonismo da Câmara, copia, muda o selo e quer adotar a autoria. Aconteceu com renda emergencial, com projeto de qualificação do FPM e FPE e agora se repete", disse Efraim, referindo-se a projetos de iniciativa dos parlamentares posteriormente encampados pelo Executivo.

Fontes da Economia avaliam que Maia assumiu um lado no cabo de guerra entre Bolsonaro e os governadores, e optou pelos chefes dos executivos estaduais.

A escolha não ecoou bem, entre a equipe econômica, por considerar que o custo da crise acaba sendo jogado inteiramente no colo da União, sem que governadores assumam o custo pelas medidas de isolamento social, repetidamente criticadas e questionadas pelo próprio Bolsonaro. Essas mesmas fontes creditam o movimento de Maia a interesse eleitoral do deputado em seu Estado.

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