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Bolsonaro volta a defender cloroquina em novo pronunciamento em rede nacional

É a quinta vez que Bolsonaro fala à nação desde o começo de março. Presidente voltou a defender o uso da cloroquina, cuja eficácia e segurança ainda estão em estudo, e disse não ter sido consultado sobre fechamento do comércio

8 abr 2020 - 21h47
(atualizado às 22h02)
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Em pronunciamento na noite desta quarta-feira (08), o presidente da República Jair Bolsonaro voltou a defender o uso do medicamento hidroxicloroquina no tratamento da doença covid-19, provocada pelo novo coronavírus. Este é o quinto pronunciamento de Bolsonaro desde o começo de março, quando a epidemia se intensificou no Brasil.

A hidroxicloroquina é um medicamento utilizado no Brasil desde os anos 1950. É indicada para o tratamento de várias doenças, como artrite reumatóide, lúpus e malária.

A droga vem sendo usada de forma experimental em outros países, apesar de não existirem testes clínicos suficientes para garantir que ela seja eficaz ou segura no tratamento da covid-19. Os efeitos colaterais podem incluir arritmia cardíaca e possíveis danos à visão e à audição. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a droga deve ser usada com muito cuidado, pois pode ser letal em algumas circunstâncias.

O pronunciamento de hoje também foi o primeiro no qual Bolsonaro começou sua fala prestando solidariedade às famílias das vítimas da doença. Nesta quarta-feira, o Brasil atingiu a marca de 800 mortos pela doença.

A fala do presidente da República foi acompanhada de "panelaços" em protesto contra o governo em algumas capitais brasileiras, como São Paulo (SP).

Bolsonaro falou por quase cinco minutos em rede nacional de rádio e TV. Além da cloroquina, o presidente voltou a frisar sua preocupação com a economia — ele teme os efeitos prejudiciais do fechamento do comércio e do distanciamento social imposto em vários Estados brasileiros.

Panelaços têm sido constantes desde os primeiros pronunciamentos do presidente
Panelaços têm sido constantes desde os primeiros pronunciamentos do presidente
Foto: EPA/Thiago Bernardes / BBC News Brasil

"Sempre afirmei que tínhamos dois problemas a resolver: o vírus e o desemprego. Que deveriam ser tratados simultaneamente. Respeito a autonomia dos governadores e prefeitos. Muitas medidas, de forma restritiva ou não, são de responsabilidade exclusiva dos mesmos. O governo federal não foi consultado sobre sua amplitude ou duração. Espero que, brevemente, saiamos juntos e mais fortes, para que possamos melhor desenvolver o nosso país", disse Bolsonaro.

O presidente aproveitou o pronunciamento ainda para agradecer ao primeiro-ministro da Índia, o conservador Narendra Modi, pelo envio ao Brasil de matéria prima para a fabricação de comprimidos de hidroxicloroquina. O material chegará ao Brasil até sábado, disse. "Agradeço ao primeiro ministro Narendra Modi e ao povo indiano por esta ajuda tão oportuna ao povo brasileiro", disse.

Bolsonaro também destacou que o governo começará amanhã os pagamentos de R$ 600 do auxílio emergencial a trabalhadores informais e desempregados.

Bolsonaro cita médico Roberto Kalil para defender cloroquina

Ao falar sobre a cloroquina, Bolsonaro disse que o medicamento pode ser usado no tratamento da doença "desde sua fase inicial" -- o que contraria a recomendação atual do Ministério da Saúde, de que o medicamento seja usado por pacientes críticos ou internados em hospitais.

Bolsonaro também mencionou o caso do médico Roberto Kalil Filho, cardiologista de São Paulo que contraiu o novo coronavírus e usou a cloroquina em seu próprio tratamento, segundo Bolsonaro.

"Há pouco conversei com o doutor Roberto Kalil. Cumprimentei-o pela honestidade e compromisso com o juramento de hipócrates, ao assumir que não só usou a hidroxicloroquina bem como a ministrou para dezenas de pacientes. Todos estão salvos. Disse-me mais. Que mesmo não tendo finalizado o protocolo de testes, ministrou o medicamento, agora, para não se arrepender no futuro", disse o presidente, dando parabéns ao médico.

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