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Braga Netto é mantido preso após audiência de custódia

15 dez 2024 - 06h57
(atualizado às 07h32)
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General da reserva e ex-ministro de Bolsonaro foi preso preventivamente por obstruir a investigação sobre tentativa de golpe de Estado para impedir posse de Lula.O general da reserva e ex-ministro Walter Braga Netto passou por audiência de custódia neste sábado (14/12), conduzida por um juiz auxiliar do gabinete de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) que autorizou a prisão do militar.

A prisão preventiva de Braga Netto foi mantida, informou o STF. Ele ficará detido no Comando Militar do Leste, no Rio de Janeiro.

Braga Netto foi preso pela Polícia Federal (PF), pois estaria obstruindo a investigação sobre a tentativa de golpe de Estado no país para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

A PF identificou que o general, indiciado por ser um dos principais articuladores do plano golpista, tentou obter dados sigilosos da delação de Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, como forma de "impedir ou embaraçar as investigações em curso", conforme decisão de Moraes que embasou a prisão.

"Diversos elementos" contra Braga Netto

A decisão sobre a prisão preventiva do general foi endossada pela Procuradoria-Geral da República, que disse haver "provas suficientes de autoria e materialidade dos crimes". Para o procurador-geral, Paulo Gonet, a prisão preventiva é necessária para evitar "interferências nas investigações".

De acordo com o relatório da PF, há "diversos elementos de prova" contra Braga Netto, que teria atuado para impedir a total elucidação dos fatos e "com o objetivo de controlar as informações fornecidas, alterar a realidade dos fatos apurados, além de consolidar o alinhamento de versões entre os investigados". Entre eles, trocas de mensagens com pai de Mauro Cid para conseguir detalhes da delação.

Delação de Cid confirma interferência

Um trecho da delação de Cid também corroborou a tese da polícia. O ex-assistente de Bolsonaro afirmou à polícia que, após ter sido solto, "não só ele [Braga Netto] como outros intermediários tentaram saber o que eu tinha falado".

Moraes ainda destaca, em sua decisão, que agentes federais encontraram um documento na sede do Partido Liberal (PL), de Jair Bolsonaro, onde há uma transcrição de perguntas e respostas relacionadas ao acordo de delação de Cid, que tem caráter sigiloso.

O documento estava na mesa de um assessor de Braga Netto, o coronel Flávio Peregrino, que também foi alvo de busca e apreensão neste sábado.

Além disso, Cid também teria dito que Braga Netto repassou dinheiro "em uma sacola de vinho, que serviria para o financiamento das despesas necessárias à realização" do plano de golpe. Esse é um dos fatos que, segundo Moraes, ratifica a atuação "preponderante" do general na "execução dos atos criminosos".

Candidato a vice e ministro de Bolsonaro

General da reserva, Braga Netto foi candidato à vice-presidente em 2022 na chapa com Jair Bolsonaro. Antes, foi ministro-chefe da Casa Civil, de 2020 a 2021, e ministro da Defesa, de 2021 a 2022. No indiciamento, a PF apurou que uma das reuniões realizadas para tratar de suposto plano golpista teria sido realizada na casa do militar em novembro de 2022.

Ele foi preso pela PF na manhã deste sábado no Rio de Janeiro. Na operação, os agentes também realizaram buscas na casa do general, em Copacabana.

A defesa do general Walter Braga Netto divulgou uma nota, na tarde deste sábado, em que nega obstrução nas investigações e afirma que irá se manifestar no processo.

md (Agência Brasil, ots)

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