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Brasil e Argentina definem ações conjuntas contra espionagem na região

19 set 2013 - 19h07
(atualizado às 22h25)
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O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, definiu nesta quinta-feira, junto com o chanceler argentino, Héctor Timerman, ações conjuntas contra as atividades de espionagem dos Estados Unidos na região e para avançar no desenvolvimento de ferramentas de ciberdefesa, informaram fontes oficiais.

Figueiredo e Timerman se reuniram em Buenos Aires, durante a primeira visita de trabalho que realiza à Argentina o novo ministro brasileiro, que assumiu seu cargo no último dia 28 de agosto.

No encontro, os chanceleres destacaram a necessidade de lutar contra a espionagem e proteger as comunicações e o armazenamento de informação estratégica, após a divulgação de notícias que apontam que a Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) espionou as comunicações da presidente Dilma Rousseff.

Timerman e Figueiredo repassaram também os principais temas da agenda bilateral, assim como os assuntos regionais e internacionais de interesse comum, informou a chancelaria argentina em comunicado.

Os chanceleres analisaram os avanços realizados em matéria de cooperação nuclear, espacial, defesa, aeronáutica e aproveitamentos hidrelétricos binacionais, e decidiram impulsionar as ações necessárias para o desenvolvimento das áreas fronteiriças.

Além disso, dialogaram sobre a situação do processo de integração do Mercosul e a participação plena do Paraguai nesse bloco. Os dois também trocaram opiniões sobre as negociações em curso entre esse bloco regional e a União Europeia.

Figueiredo e Timerman conversaram também sobre a eleição do novo secretário-geral da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), que ficou pendente na última reunião da organização, no último dia 30 de agosto no Suriname, e a continuidade da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti.

No plano internacional, os chanceleres condenaram o uso de armas químicas "por qualquer ator e em qualquer circunstância", e pediram uma solução por meios "estritamente pacíficos" ao conflito na Síria.

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Após as revelações, a ministra responsável pela articulação política do governo, Ideli Salvatti (Relações Institucionais), afirmou que vai pedir urgência na aprovação do marco civil da internet. O projeto tramita no Congresso Nacional desde 2011 e hoje está em apreciação pela Câmara dos Deputados.

Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

EFE   
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