Brasil reduz à metade o número de pessoas que passam fome
Relatório mostra que o País cumpriu a meta estabelecida pela ONU graças a políticas econômicas e programas sociais
Nos últimos dez anos, o Brasil conseguiu reduzir à metade sua população que sofre com a fome, cumprindo com um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) estabelecidos pelas Nações Unidas (ONU) para 2015. Os dados foram divulgados nesta terça-feira por meio de um relatório da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO), o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida) e o Programa Mundial de Alimentos (PMA).
O documento assinala que o programa Fome Zero fez da fome um problema fundamental incluído na agenda política do Brasil a partir de 2003. Nos períodos 2000/2002 e 2004/2006, a taxa de desnutrição no País foi reduzida de 10,7% para menos de 5%. Segundo a ONU, a diminuição da fome e da pobreza extrema tanto em zonas rurais como urbanas é o "resultado de uma ação coordenada entre o governo e a sociedade civil, mais que de uma só ação isolada".
As políticas econômicas, destaca o relatório, e os programas de proteção social, combinados ao mesmo tempo com ações para a agricultura familiar, contribuem à criação de empregos e ao aumento de salários, assim como à diminuição da fome. Todos estes esforços realizados pelo Brasil permitiram que a pobreza fosse reduzida de 24,3% a 8,4% entre 2001 e 2012, enquanto a pobreza extrema também caiu de 14% a 3,5%.
O relatório também evidencia que outro dos pilares fundamentais da política de segurança alimentar no Brasil é o Programa Nacional de Alimentação Escolar, que proporciona refeições gratuitas aos alunos das escolas públicas e do qual se beneficiaram mais de 43 milhões de crianças em 2012.
Os ODM são uma lista de oito indicadores, estabelecidos pela ONU no ano 2000, que tem o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população mundial no horizonte de 2015.
Fome no mundo
O mesmo relatório mostra que o número de pessoas famintas no mundo caiu em mais de 100 milhões na última década, mas que 805 milhões, o que representa uma em cada nove no planeta, ainda não têm o suficiente para comer.
“Um estudo sobre onde estamos na redução da fome e desnutrição mostra que o progresso na redução da fome em nível global se mantém, mas também que a insegurança alimentar ainda é um desafio a ser vencido”, diz o texto.
Países como Brasil e Indonésia já alcançaram a meta de desenvolvimento ao cortarem pela metade a proporção de desnutrição de suas populações por meio de investimentos e políticas em áreas como agricultura e alimentação escolar.
Mas o relatório pede mais esforços em outros lugares, especialmente na África subsaariana e no sul e no oeste da Ásia, para reduzir a fatia de população faminta nos países em desenvolvimento para 11,7 por cento, ante 13,5 por cento atualmente, até o fim de 2015.
Uma meta mais ambiciosa, de cortar pela metade o número absoluto de pessoas cronicamente desnutridas até 2015, foi cumprida por 25 países em desenvolvimento desde 1990, mas não houve tempo suficiente para todo o mundo alcançar esse objetivo, explica o relatório.