Brasil só apoia sanções contra Coreia do Norte se decididas pela ONU, diz chanceler brasileiro
Mais cedo, durante pronunciamento no 2º dia da cúpula dos Brics, presidente Michel Temer havia defendido desarmamento nuclear como "garantia mais eficaz contra proliferação".
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, afirmou em Xiamen, na China, que o Brasil só "apoia ou aceita" sanções contra a Coreia do Norte se decididas pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU.
"O nosso fluxo comercial com a Coreia do Norte é muito pequeno e eu repito: sanções comerciais ou sanções de qualquer natureza só apoiaremos e aceitamos aquelas que são decididas no Conselho de Segurança", disse ele a jornalistas no hotel onde o presidente Michel Temer está hospedado.
"Acho que o que é importante para resolver esse ponto de tensão é o diálogo direto entre as partes. Qualquer outro tipo de atitude agressiva de uma parte ou de outra, de um lado ou de outro, só pode prejudicar a situação ainda mais", acrescentou.
A declaração foi uma resposta a um comentário do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no Twitter. Trump havia dito que o país "considera, além de outras opções, interromper todo o comércio com qualquer país que faça negócios com a Coreia do Norte". O Brasil é um deles.
No domingo, a Coreia do Norte anunciou que realizou com sucesso um teste com uma bomba de hidrogênio que pode ser carregada em seu novo míssil balístico intercontinental. O teste, o mais potente até agora, provocou um terremoto de magnitude 6,3 no país.
Segundo Nunes, a preocupação com a Coreia do Norte será incluída na declaração conjunta da cúpula.
"O presidente Xi Jinping se mostrou preocupado com o agravamento das tensões e reiterou a necessidade de um diálogo entre as partes", afirmou.
Temer está em Xiamen, no sudeste da China, para a cúpula dos Brics, o grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.
Mais cedo, durante pronunciamento no segundo dia do encontro, quando se reuniu com os demais líderes, o presidente já havia feito menção à Coreia do Norte.
"Os episódios dos últimos dias dão concretude a temores que parecem ter ficado nos livros de história. Hoje, (precisamos) encontrar saída diplomática para a situação tão grave", disse.
"Em perspectiva mais abrangente e de mais longo prazo, o desarmamento nuclear é a garantia mais eficaz contra a proliferação. O Brasil esteve na origem do Tratado sobre a Proibição das Armas Nucleares, adotado em julho. Assinaremos o instrumento ainda este mês, em Nova York. Trata-se de mais uma conquista real do multilateralismo", acrescentou.
Questionado sobre a Venezuela, que também foi citada durante pronunciamento de Temer, Nunes afirmou que o Brasil não aplica sanções à Venezuela.
"Não aplicamos sanções à Venezuela", disse o chanceler. Seguno ele, a Venezuela foi expulsa do Mercosul em razão do descumprimento da cláusula democrática do bloco.
Sobre o Novo Banco do Desenvolvimento (conhecido popularmente como 'Banco dos Brics'), Nunes explicou que a negociação já está adiantada para a criação de um escritório "em São Paulo ou no Rio de Janeiro".
Comércio e Investimentos
Nesta segunda-feira, todos os líderes se reuniram pela primeira vez. Eles discutiram, principalmente, a ampliação do comércio e dos investimentos.
"A área econômica é espaço privilegiado para a atuação concertada dos Brics. Nela, temos colhido excelentes resultados, que nos dão razão para fundado otimismo", disse Temer.
"Precisamos simplificar procedimentos de exportação e importação. Precisamos, talvez, dar mais agilidade aos trâmites governamentais", acrescentou.
A flexibilização de barreiras econômicas será firmada com a assinatura de um acordo ainda durante a realização da cúpula.
Transporte aéreo
Temer também ressaltou o estabelecimento de cooperação no transporte aéreo.
"O investimento em infraestrutura de transportes é peça-chave para o aumento da competitividade de nossos produtos, para a dinamização de nossas economias", disse o presidente. "A aviação regional é setor crucial para países de dimensão continental como são os Brics", completou.
Já o presidente da China, Xi Jinping, anunciou um fundo de R$ 200 milhões para cooperação econômica nas áreas de comércio e investimento.
Por sua vez, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, propôs a criação de uma universidade e de uma TV dos Brics.