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Brasil tem menos mortes violentas e mais crimes contra mulheres, negros e LGBTQs

Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta queda de 3,4% nas mortes por homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal e feminicídio

18 jul 2024 - 21h37
(atualizado em 19/7/2024 às 10h43)
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O Anuário também constata o aumento da violência contra pessoas LGBTQ
O Anuário também constata o aumento da violência contra pessoas LGBTQ
Foto: Carla Carniel/Reuters

Com 46,3 mil vítimas em 2023 e uma média de 22,8 casos por 100 mil habitantes, o Brasil registrou queda de 3,4% nas mortes por homicídio doloso, latrocínio (roubo seguido de morte), lesão corporal, feminicídio e intervenção policial, segundo levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta quinta-feira (18/07).

Esse é o patamar mais baixo de mortes violentas intencionais desde 2011, conforme os dados do 18º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Os números vêm caindo desde 2017, quando o Brasil registrou o recorde de mais de 64 mil vítimas.

Na contramão desse fenômeno, porém, seis estados registraram aumento no número de mortes em relação a 2022: Amapá (39,8%), Mato Grosso (8,1%), Pernambuco (6,2%), Mato Grosso do Sul (6,2%), Minas Gerais (3,7%) e Alagoas (1,4%).

Com 69,9 mortes violentas intencionais por 100 mil habitantes, é também o Amapá o estado mais violento do Brasil, seguido de Bahia (46,5), Pernambuco (40,2), Alagoas (38,5) e Amazonas (35,6).

Das 27 unidades federativas, apenas oito ficam abaixo da média nacional de 22,8 mortes violentas intencionais: São Paulo (7,8), Santa Catarina (8,9), Distrito Federal (11,1), Minas Gerais (14,8), Rio Grande do Sul (18), Paraná (19,8), Mato Grosso do Sul (21,9) e Piauí (22,5).

Os direitos de mulheres vítimas de violência doméstica pouco conhecidos Os direitos de mulheres vítimas de violência doméstica pouco conhecidos

Letalidade policial segue em alta

Com exceção de Mato Grosso (31,7), Espírito Santo (28,5) e Rio de Janeiro (26,6), os estados mais violentos estão nas regiões Norte e Nordeste. O Fórum atribui o quadro à disputa entre facções por rotas e territórios e também à alta letalidade policial, esta última responsável por quase 6,4 mil mortes - um salto de 189% em relação a 2013.

O perfil dos mortos em decorrência de intervenção policial ainda é o mesmo: a maioria são homens (99,3%), negros (82,7%) e jovens com entre 12 e 29 anos (71,7%).

E embora o número de policiais mortos tenha caído em relação a 2022 - 127, dos quais 54 mortos em confronto -, o Fórum aponta aumento no número de suicídios, com 118 casos.

Apesar de queda, Brasil ainda continua sendo um país violento, diz Fórum

A maioria das vítimas de crimes violentos intencionais são homens (90,2%), pessoas negras (78%) e jovens de até 29 anos (49,4%), mortos principalmente por armas de fogo (73,6%) e em vias públicas (56,5%).

Apesar da queda nos índices, o Fórum ressalta que a taxa brasileira de 22,8 mortes por cada 100 mil habitantes ainda é quase quatro vezes superior à taxa mundial de homicídios - que, segundo dados de 2021 compilados pelas Nações Unidas, era de 5,8 por 100 mil habitantes.

"Ainda é um número bastante alto", ressalta David Marques, coordenador de projetos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em entrevista à Agência Brasil. "As nossas taxas de homicídio ainda mostram que o Brasil é um país extremamente violento."

A entidade aponta disputas entre o crime organizado e a alta letalidade policial como os principais entraves à redução dos assassinatos.

Uma vítima de estupro a cada seis minutos

O ano de 2023 viu um recorde nos registros de estupro: quase 84 mil casos, ou uma vítima a cada seis minutos, num aumento de 6,5% em relação ao ano anterior. Mais de três em cada quatro casos envolvem menores de 14 anos ou pessoas sem condição de consentimento.

Como nos últimos anos, a maioria das vítimas eram do sexo feminino (88,2%), negras (52,2%) e tinham no máximo 13 anos (61,6%). Quase sempre elas foram violadas por familiares ou conhecidos (84,7%) e os abusos ocorreram dentro de casa (61,7%).

Também aumentaram os casos de feminicídio, tentativa de feminicídio, agressões decorrentes de violência doméstica, stalking, importunação sexual, tentativa de homicídio e violência psicológica.

Crimes de motivação racista e LGBTfóbica

Este foi o primeiro ano que o Fórum teve acesso a dados de todas as unidades federativas sobre crimes de racismo - ofensa dirigida a uma coletividade - e injúria racial - agressão direcionada a um indivíduo, contabilizando 11.610 e 12.897 boletins de ocorrência, respectivamente.

O Anuário também constata o aumento da violência contra pessoas LGBTQ, com ao menos 214 assassinatos no país, crescimento de 42% em relação ao ano anterior. Casos de lesão corporal e estupro tiveram alta de 21% e 40,5%, respectivamente.

Roubos caem e estelionato aumenta

Roubos tiveram queda generalizada de 2022 para 2023: pedestres (-13,8%), comércios (-18,8%), residências (-17,3%), cargas (-13,2%), veículos (12,4%) e até celulares (-10,1%). No entanto, com mais de 2,2 milhões de ocorrências, crimes de estelionato, incluindo golpes em meios eletrônicos, fizeram uma vítima a cada 16 segundos no Brasil.

O Anuário Brasileiro de Segurança Pública é baseado em informações fornecidas pelos governos estaduais, pelo Tesouro Nacional, pelas polícias civil, militar e federal, entre outras fontes oficiais da Segurança Pública.

Deutsche Welle A Deutsche Welle é a emissora internacional da Alemanha e produz jornalismo independente em 30 idiomas.
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