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Brasil tem 'obrigação' de proteger Snowden, diz Greenwald

30 abr 2014 - 00h28
(atualizado às 00h45)
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O jornalista Glenn Greenwald disse, em entrevista exibida nesta terça-feira no programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, que o País deveria conceder asilo político a Edward Snowden, que vive na Rússia. Foi Greenwald que divulgou pelo diário inglês The Guardian informações sobre o esquema de espionagem do governo norte-americano, denunciado por Snowden. Quando as primeiras informações sobre o assunto vieram à tona, Snowden pediu asilo político a 21 países, entre os quais o Brasil.

"Acho que Brasil e Alemanha têm obrigação de proteger Snowden, porque ele protegeu a liberdade de informação desses países", disse Greenwald. Para ele, o ex-colaborador da Agência Nacional de Segurança (NSA) precisa ser recebido por um país com força para aguentar possíveis reações dos Estados Unidos, e o Brasil seria um deles. Ele diz que, no entanto, o país "tem medo" de enfrentar os norte-americanos.

Na opinião de Greenwald, Snowden não se arrepende de ter feito as denúncias, mesmo sendo obrigado a viver longe da família, em um país tão diferente do seu. "Ele está sem família, mas ele sacrificou isso sabendo exatamente o que estava fazendo. Ele é muito feliz, porque as consequências do que fez são maiores do que imaginávamos. Eu acho que ele não se arrepende nem um pouco. Quando você tem convicção no que faz, você não se arrepende."

O jornalista ainda fez críticas à administração do presidente Barack Obama. Segundo ele, a perseguição do governo norte-americano contra jornalistas nunca foi tão grande, ameaçando processar e impedir a publicação de reportagens. "Tem muita gente que não gostou do governo Bush, e tinha esperança de mudança com Obama. Mas mudou pouco, e em algumas coisas piorou muito. Ele está perseguindo jornalistas com muito mais agressividade do que qualquer outro governo".

Greenwald trabalha agora em um site de notícias chamado The Intercept, uma plataforma do First Look Media, projeto financiado pelo fundador do e-Bay, Pierre Omidyar. Bastante animado, o jornalista diz que agora tem dinheiro para fazer um jornalismo livre, contratar equipe de repórteres, editores e advogados para enfrentar o governo. "Ele (Omidyar) está voltado ao jornalismo com independência, e disse que não se envolverá nas reportagens".

Espionagem americana no Brasil
Matéria do jornal O Globo de 6 de julho denunciou que brasileiros, pessoas em trânsito pelo Brasil e também empresas podem ter sido espionados pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (National Security Agency - NSA, na sigla em inglês), que virou alvo de polêmicas após denúncias do ex-técnico da inteligência americana Edward Snowden. A NSA teria utilizado um programa chamado Fairview, em parceria com uma empresa de telefonia americana, que fornece dados de redes de comunicação ao governo do país. Com relações comerciais com empresas de diversos países, a empresa oferece também informações sobre usuários de redes de comunicação de outras nações, ampliando o alcance da espionagem da inteligência do governo dos EUA.

Ainda segundo o jornal, uma das estações de espionagem utilizadas por agentes da NSA, em parceria com a Agência Central de Inteligência (CIA) funcionou em Brasília, pelo menos até 2002. Outros documentos apontam que escritórios da Embaixada do Brasil em Washington e da missão brasileira nas Nações Unidas, em Nova York, teriam sido alvos da agência.

Logo após a denúncia, a diplomacia brasileira cobrou explicações do governo americano. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o País reagiu com “preocupação” ao caso.

O embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon negou que o governo americano colete dados em território brasileiro e afirmou também que não houve a cooperação de empresas brasileiras com o serviço secreto americano.

Por conta do caso, o governo brasileiro determinou que a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) verifique se empresas de telecomunicações sediadas no País violaram o sigilo de dados e de comunicação telefônica. A Polícia Federal também instaurou inquérito para apurar as informações sobre o caso.

Monitoramento
Reportagem veiculada pelo programa Fantástico, da TV Globo, afirma que documentos que fariam parte de uma apresentação interna da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos mostram a presidente Dilma Rousseff e seus assessores como alvos de espionagem.

De acordo com a reportagem, entre os documentos está uma apresentação chamada "filtragem inteligente de dados: estudo de caso México e Brasil". Nela, aparecem o nome da presidente do Brasil e do presidente do México, Enrique Peña Nieto, então candidato à presidência daquele país quando o relatório foi produzido.

O nome de Dilma, de acordo com a reportagem, está, por exemplo, em um desenho que mostraria sua comunicação com assessores. Os nomes deles, no entanto, estão apagados. O documento cita programas que podem rastrear e-mails, acesso a páginas na internet, ligações telefônicas e o IP (código de identificação do computador utilizado), mas não há exemplos de mensagens ou ligações.

Agência Brasil Agência Brasil
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