Brasileiros no Japão estão em alerta por causa de tufão
Ao menos duas pessoas morreram em decorrência do tufão Neoguri
Preocupada com o tufão Neoguri que chegou à Okinawa, região mais sul do Japão, nesta terça-feira, a brasileira Mara Rubia Ferreira quase não dormiu. Acordou cedo e, ainda pela manhã, após ouvir os gritos da amiga que observava a chuva, correu para a janela a tempo de filmar o próprio carro, estacionado em frente ao prédio onde mora, ser arrastado pelo vento.
"Chorei muito já. Mas no momento, o que me preocupa ainda é o tufão", contou à BBC Brasil. Por isso, ela já deixou bolsas preparadas com roupas e documentos na porta, para caso de uma emergência.
"Recebemos orientação da prefeitura sobre locais de abrigo e telefones de emergência", disse a brasileira, que mora na cidade de Chatan, bastante castigada pelas chuvas e vento.
Mais de 500 mil pessoas foram orientadas a procurar abrigo para se proteger do tufão Neoguri, que atingiu Okinawa, no sul do país, na manhã de terça-feira.
Chuvas torrenciais e ventos de até 250 km/h varreram o arquipélago. A Agência Meteorológica do Japão alertou que ondas poderiam atingir até 14 metros de altura.
Mais de vinte mil casas ficaram sem eletricidade e os aeroportos da região foram fechados. Os Estados Unidos têm uma base aérea militar na região e ordenaram o deslocamento de suas aeronaves.
Brasileiros
A província de Okinawa é formada por diversas ilhas e, pouco mais de 200 brasileiros vivem espalhados por lá. A jornalista Neide Hayama conta que também não conseguiu dormir direito por causa do forte barulho do vento.
"Compramos água, bebidas e mais alimentos, para dois ou três dias. Além disto, comprei uma lanterna extra e fiz comida mais cedo para garantir o jantar já prevendo que faltaria energia elétrica", detalhou.
Neide contou que o marido desmontou o varal de ferro e guardou todas as plantas na garagem.
Lina Tatsumi, 29, mora na cidade de Yonabaru, em Okinawa, disse que já pegou outro tufão mais forte que este há dois anos. "Fomos dispensados do trabalho hoje (terça-feira) e deixei comprado comida extra, pois sabia que teria de ficar dentro de casa por mais de um dia."
A brasileira contou que recebeu uma mensagem da prefeitura orientando sobre abrigos na região e pedindo aos moradores para evitar sair de casa. "Vi fotos de outras regiões que foram muito mais castigadas."
Clayton Shima, 41, se mudou para Nishihara, em Okinawa, há apenas três meses. "Ontem (segunda-feira) havia muita gente no supermercado se preparando, mas nenhuma confusão. Parecia um domingo movimentado. Acho que o povo de Okinawa já está muito acostumado com tufão, portanto não se abalam facilmente", sugeriu.
O brasileiro explicou que, no trabalho, todos ajudaram na preparação para a chegada do Neoguri. "Como o edifício é meio antigo, cobrimos os computadores com plástico, tiramos tudo do chão para o caso de alagamento e afastamos equipamentos das janelas", detalhou.
Clayton contou que o pico do vendaval e chuva foi depois do almoço, na terça-feira. "Os carros no estacionamento ficavam balançando como se estivessem rodando sobre uma estrada de terra", descreveu.
Ilha principal
O tufão Neoguri se dirige agora para a ilha principal do Japão. Está previsto que ele chegará à capital japonesa na sexta-feira, já com menos força. No entanto, as fortes chuvas continuam e podem causar alagamentos e deslizamentos.
Segundo a emissora de tevê NHK, 87 mil pessoas já foram evacuadas de suas casas na região de Amakusa, na província de Kumamoto, também ao sul do Japão. São moradias que estão localizadas em áreas de risco de enchentes ou deslizamentos.
A psicóloga Neusa Emiko Miyata, 47, mora na cidade de Kumamoto e acompanha de perto o noticiário, já que a província deverá ser atingida pelo tufão de quarta para quinta.
"Tufões e terremotos são comuns no Japão e, apesar de morar aqui há 22 anos, a gente sempre fica apreensiva, principalmente quando emitem alertas de que será fortíssimo", contou a brasileira.
Neusa mora em uma região que já sofreu muito com enchentes e desabamentos. "Hoje está muito abafado e a umidade do ar está altíssima. Isso não é comum", disse preocupada.