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Brics:Bolsonaro vai apontar países que compram madeira ilegal

Reunião virtual teve críticas veladas entre Brasil e China

17 nov 2020 - 12h09
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O presidente da República, Jair Bolsonaro, participou na manhã desta terça-feira (17) da cúpula de chefes de Estado e de governo do Brics - grupo que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - e prometeu revelar uma lista de países que compram madeira de áreas desmatadas da Amazônia.

Bolsonaro falou sobre Amazônia e criticou OMS em reunião do Brics
Bolsonaro falou sobre Amazônia e criticou OMS em reunião do Brics
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

"Revelaremos nos próximos dias o nome dos países que importam essa madeira ilegal nossa através da imensidão que é a região amazônica, porque daí estaremos mostrando que estes países, alguns deles que muito nos criticam, em parte têm responsabilidade nessa questão", disse durante sua fala.

Segundo o mandatário, a Polícia Federal possui uma tecnologia de rastreio que consegue identificar a origem da madeira.

Pela primeira vez na história, a reunião foi realizada de maneira virtual por conta da pandemia do coronavírus Sars-CoV-2 e a crise sanitária também foi um dos temas centrais das conversas e dos discursos de todos os líderes.

Bolsonaro voltou a fazer críticas à Organização Mundial da Saúde (OMS), a qual disse que precisa de "reformas" e que tinha a pretensão de "ter o monopólio do conhecimento" sobre o vírus, e criticou o que chamou de "politização do vírus". A fala contra a OMS segue a linha de Donald Trump, que ficou acusando a organização de proteger a China, e foi a primeira menção velada contrária aos chineses.

O mandatário brasileiro ainda disse que o país "busca uma vacina segura e eficaz contra a Covid-19", sem se aprofundar muito no tema, alvo de recente polêmica com o governo de São Paulo por conta da imunização CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac Biotech. Em diversas declarações, Bolsonaro afirmou que não compraria "a vacina chinesa" e chegou a comemorar a paralisação temporária dos testes após a morte de um voluntário.

"O Brasil lutará para que prevaleça, no mundo pós-pandemia, um sistema internacional pautado pela liberdade, pela transparência e segurança. Para que isso se concretize, é fundamental defender a democracia e defender as prerrogativas soberanas dos países", afirmou ainda em mais um ataque ao governo chinês.

- China e Rússia focam em questões globais:

O presidente da China, Xi Jinping, defendeu a importância do multilateralismo em todos os aspectos - desde o Acordo de Paris sobre o clima até o reforço da atuação da Organização das Nações Unidas (ONU).

"O aquecimento global não vai parar por conta da Covid-19. Para acabar com as mudanças climáticas, não podemos relaxar nossos esforços", disse pontuando que seu governo continuará comprometido com as metas definidas pelo Acordo, incluindo zerar a emissão de carbono até 2060. "Vocês podem contar que a China manterá a sua promessa", disse ainda segundo a agência estatal Xinhua.

Xi pontuou que usar a pandemia para focar na "desglobalização" e apostar em "sistemas paralelos" só vai afetar negativamente a todos os países. Para o mandatário, é preciso reforçar o conceito de criar uma economia mundial aberta e evitar que se use o conceito de "segurança nacional" para reforçar o protecionismo.

"Os países devem transcender suas ideologias e respeitar os sistemas sociais, os modelos econômicos e a escolha de desenvolvimento nacional das outras nações", em uma clara crítica aos constantes comentários sobre o regime de governo de Pequim.

Por sua vez, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, usou seu discurso para reforçar o desenvolvimento e a criação das vacinas anti-Covid feitas em seu país, especialmente, a primeira delas, a Sputnik V.

"O Fundo Russo de Investimentos Diretos já estipulou acordos com os parceiros indianos e brasileiros para conduzir os estudos clínicos sobre a vacina Sputnik V e com as empresas farmacêuticas da China e da Índia para a construção, no território desses países, de centros de produção da nossa vacina - não só apenas para as próprias exigências como para países terceiros", reforçou o líder do Kremlin, segundo a agência estatal Sputnik.

Putin afirmou que as vacinas contra o Sars-CoV-2 "já existem e são russas" e que agora "é questão de tempo de iniciar uma vacinação em massa". "É certamente importante unir nossas forças para uma produção em massa para uso civil desse produto", acrescentou.

Apesar da propaganda política, ainda não há comprovação científica dos dados da vacina russa. Até o momento, há apenas as informações difundidas pelo Instituto Gamaleya e pelo governo do país, que ainda precisam ser revisadas por cientistas independentes e publicadas em revista científica. .

Ansa - Brasil
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