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Censo 2022: 5 revelações sobre a população brasileira

População brasileira, que superou 203 milhões, está crescendo em ritmo mais lento, e algumas grandes metrópoles estão perdendo habitantes.

28 jun 2023 - 10h07
(atualizado às 10h34)
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São Paulo (SP) permanece como município com maior população do país, com 11,4 milhões de habitantes, mostra Censo 2022
São Paulo (SP) permanece como município com maior população do país, com 11,4 milhões de habitantes, mostra Censo 2022
Foto: Cris Faga/NurPhoto via Getty Images / BBC News Brasil

Após a pandemia de coronavírus e cortes orçamentários, os resultados do Censo 2022 começaram a ser divulgados nesta quarta-feira (28).

A última edição da pesquisa censitária realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) foi feita em 2010 e, pela lei, ela não poderia demorar mais de 10 anos para ser feita — ou seja, deveria ter ocorrido em 2020. Mas a nova edição só foi realizada entre 1º de agosto de 2022 e 28 de maio de 2023 (fase de coleta e apuração de dados) e divulgada agora.

A primeira etapa de divulgação, que traz números da população do país, de Estados e municípios, revela que a população brasileira aumentou 6,5% e que várias capitais brasileiras diminuíram em população.

Nos próximos meses, serão divulgadas novas informações do Censo — por exemplo, sobre povos indígenas, migração e religião —, mas ainda não há um calendário fechado.

A seguir, confira cinco destaques das primeiras informações reveladas pelo Censo 2022, que visitou 106,8 milhões de endereços em todo o Brasil.

1. População aumentou, mas taxa foi a menor já registrada

A população do Brasil superou 203 milhões (203.062.512), segundo o Censo 2022. É um acréscimo de 12,3 milhões de pessoas ao total registrado no Censo 2010 (190.755.799).

A data de referência para esse e outros números da nova pesquisa é a meia-noite do dia 31 de julho para 1º de agosto de 2022. Portanto, as pessoas nascidas depois dessa data não estão contabilizadas no Censo 2022.

Ao mesmo tempo, a taxa média de crescimento anual da população brasileira foi a menor já registrada desde 1872: 0,52%.

No Censo 2010, essa taxa era de 1,17%.

O IBGE afirma que, com a redução dos níveis de mortalidade a partir nos anos 1940 e o declínio dos níveis de fecundidade nos anos 1960, começou nos anos 1970 uma diminuição na taxa de crescimento populacional.

Segundo projeções populacionais — inclusive do IBGE —, em algum momento nas próximas décadas a redução nessa taxa de crescimento vai se refletir em uma redução no tamanho da população brasileira.

2. Centro-Oeste passou a ser região com maior taxa de crescimento

Senador Canedo (GO) foi o município cuja população mais cresceu de 2010 a 2022
Senador Canedo (GO) foi o município cuja população mais cresceu de 2010 a 2022
Foto: Divulgação/Prefeitura de Senador Canedo / BBC News Brasil

Vale dizer que, quando falamos em crescimento de população, ela reflete tendências de fecundidade e mortalidade, como falado acima, e também de migração.

Como está, então, o crescimento da população nas diferentes áreas do país?

Embora todas as regiões, assim como o Brasil, estejam com uma taxa média de crescimento anual cada vez menor, o Centro-Oeste aparece no Censo 2022 com uma taxa duas vezes maior que a média nacional.

Enquanto a taxa brasileira anual foi de 0,52%, a do Centro-Oeste foi de 1,23% — a maior no Brasil. Em 2010, a taxa de crescimento do Centro-Oeste foi de 1,9%.

Nos Censos de 2010 e 2000, a região que tinha a maior taxa de crescimento era o Norte, cuja taxa caiu bastante na edição atual: de 2,09 em 2010 para 0,75 em 2022.

Somente com novos dados do Censo e de futuras pesquisas será possível explicar esse crescimento no Centro-Oeste, mas alguns municípios nos dão pistas. Por exemplo, considerando as cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, aquela que teve a maior taxa de crescimento da população foi uma cidade goiana: Senador Canedo, com taxa anual de 5,23%.

Esse município foi o que teve também o maior aumento percentual no total da população: em 2010, tinha 84.443 habitantes, passando para 155.635 em 2022 — um crescimento de 84,3%.

Há várias outras cidades do Centro-Oeste no ranking das cidades que mais cresceram, como Sinop (MT) e Sorriso (MT).

O IBGE detectou, no novo Censo, o crescimento populacional em vários municípios no entorno de capitais, como a própria Senador Canedo (próxima a Goiânia). Outros exemplos são Fazenda Rio Grande (Curitiba); Palhoça (Florianópolis); Maricá (Rio de Janeiro); Valparaíso de Goiás e Águas Lindas de Goiás (Distrito Federal), São José de Ribamar (São Luís) e Santana de Parnaíba (São Paulo).

No Censo 2022, além das regiões já citadas, o Nordeste aparece com taxa anual de crescimento de 0,24%; o Sudeste, de 0,45%; e o Sul, de 0,74%.

3. Sudeste ainda concentra quase metade da população

Apesar da taxa média de crescimento anual do Sudeste ser a segunda menor do país, atrás do Nordeste, a região é casa para 41,8% da população brasileira — somando 84,8 milhões de habitantes.

São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro, que são os três Estados mais populosos do Brasil e que pertencem à região, concentram 39,9% da população brasileira.

Em seguida, a maior região em população é o Nordeste (26,9%), seguida por Sul (14,7%), Norte (8,5%) e Centro-Oeste (8%).

4. Capitais como Rio de Janeiro e Salvador diminuíram em população, enquanto outras cresceram

População de Salvador (BA) diminuiu 9,6% de 2010 para 2022
População de Salvador (BA) diminuiu 9,6% de 2010 para 2022
Foto: Emmanuele Contini/NurPhoto via Getty Images / BBC News Brasil

A lista dos municípios mais populosos é liderada por São Paulo (11.451.245 habitantes), Rio de Janeiro (6.211.423) e Brasília (2.817.068).

Mas o Rio de Janeiro é um dos exemplos de capitais que viram sua população diminuir entre as edições de 2010 e 2022: caiu de 6.320.446 para 6.211.423 (-1,7%).

Também registraram diminuição Fortaleza (-1%), Salvador (-9,6%), Belo Horizonte (-2,5%), Recife (-3,2%), Porto Alegre (-5,4%) e Belém (-6,5%).

Enquanto isso, algumas capitais tiveram aumento da população, como São Paulo (1,8%), Brasília (9,6%), Manaus (14,5%), Curitiba (1,2%), São Luís (2,3%) Maceió (2,7%), Campo Grande (14,1%), Teresina (6,4%) e João Pessoa (15,3%).

A reportagem não teve acesso à lista completa capitais e suas populações, apenas das capitais mais populosas — por isso, algumas capitais do país não estão mencionadas acima.

5. Número de moradores por domicílio diminuiu

As últimas três edições do Censo mostram que o número de moradores por domicílio (a chamada densidade domiciliar) vem diminuindo: em 2000, a média era de 3,76 moradores por lar; em 2010, esse número era 3,31; e em 2022, 2,79.

Isso se relaciona a outro dado revelado pelo novo Censo: o número de domicílios aumentou 34% desde 2010, chegando a 90,7 milhões — ou seja, a população parece estar dividida em um maior número de lares, diminuindo o número de moradores em cada um deles.

O Norte tem a maior densidade domiciliar (3,3 moradores por domicílio), seguida pelo Nordeste (2,9), Centro-Oeste (2,78), Sudeste (2,69) e Sul (2,64).

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