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Cerveró diz que conhecia Fernando Baiano, mas nega lobby

15 jan 2015 - 21h21
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<p>Cerver&oacute; admitiu que conhecia o lobista Fernando Soares, mas negou que tenha recebido&nbsp;&ldquo;vantagem financeira&rdquo; dele</p>
Cerveró admitiu que conhecia o lobista Fernando Soares, mas negou que tenha recebido “vantagem financeira” dele
Foto: José Cruz / Agência Brasil

O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró disse nesta quinta-feira (15) à Polícia Federal (PF) que a compra de sondas de perfuração sem licitação teve a aprovação da então diretoria executiva da estatal, em 2006, recebeu parecer do setor jurídico e foi feita para atender a uma necessidade específica e imediata da estatal, mas não passou pelo crivo do Conselho de Administração, responsável pela definição do planejamento estratégico da empresa.

O ex-diretor prestou depoimento aos delegados na manhã desta quinta-feira, na Superintendência da PF em Curitiba, onde está preso. Ele confirmou que mantinha relação de amizade com o empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, acusado de receber propina para intermediar contratos com a Petrobras, mas negou que tenha recebido “vantagem financeira” durante as negociações para a assinatura dos contratos. Cerveró também afirmou que não tem contas no exterior.

Em depoimento de delação premiada, o consultor Júlio Gerin de Almeida Camargo afirmou que pagou U$ 40 milhões a Fernando Soares para intermediar a compra de sondas de perfuração para a Petrobras. No depoimento, o delator declarou que o valor foi repassado para Soares por meio de contas indicadas por ele no Uruguai e na Suíça.

Para fechar o negócio, Camargo disse que procurou o empresário “pelo sabido bom relacionamento" dele na área internacional e de abastecimento da empresa, dirigidas à época por Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, respectivamente.

Para tratar do negócio, o delator disse que participou de uma reunião na sala de Cerveró, na sede da Petrobras, no Rio de Janeiro, onde também estavam presentes o então gerente executivo da área internacional Luiz Carlos Moreira, o então vice-presidente da Samsung, Harrys Lee, e o gerente da Mitsui no Rio de Janeiro, Ishiro Inaguage. O ex-diretor confirmou a realização da reunião no depoimento de hoje.

Cerveró disse à Polícia Federal que tem relação de amizade com Fernando Soares. O ex-diretor relatou que conheceu o empresário em 2000, quando ocupava o cargo de gerente executivo de Energia. Segundo Cerveró, Soares representava empresas do setor de energia térmica interessadas em atuar no mercado brasileiro. A Union Fenosa, representada por Soares, fechou um contrato a Petrobras. De acordo com o ex-diretor, posteriormente o empresário continuou a frequentar a Petrobras, representando outras empresas, com atuação nas diretorias de Abastecimento e de Gás e Energia.

Sobre a acusação de tentar blindar seu patrimônio para evitar a apreensão dos bens, razão pela qual ele está preso, Cerveró disse que não adquiriu patrimônio de forma ilícita. Sobre as movimentações financeiras, o ex-diretor declarou que precisava pagar despesas pessoais com a filha.

De acordo com relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), no dia 16 de dezembro, Cerveró sacou R$ 500 mil em um fundo de previdência privada e transferiu o valor para sua filha, mesmo tendo sido alertado pela gerente do banco de que perderia 20% do valor. Em junho do ano passado, Cerveró havia transferido imóveis para seus filhos, com valores abaixo dos de mercado. Na intepretação do Ministério Público Federal (MPF), o ex-diretor tentou blindar seu patrimônio, e por isso, a prisão foi requerida.

Agência Brasil Agência Brasil
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