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Chuva não apagará incêndios na Amazônia nas próximas semanas, dizem especialistas

27 ago 2019 - 09h12
(atualizado às 09h57)
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A chuva fraca dificilmente extinguirá o número recorde de incêndios que ardem na Amazônia no futuro próximo, e os bolsões de precipitação previstos até 10 de setembro só devem causar alívio em pontos isolados, de acordo com dados e especialistas meteorológicos.

Floresta amazônica em chamas em Canarana, no Mato Grosso
26/08/2019 REUTERS/Lucas Landau
Floresta amazônica em chamas em Canarana, no Mato Grosso 26/08/2019 REUTERS/Lucas Landau
Foto: Reuters

A maior floresta tropical do mundo está sendo vítima de um aumento de 79% na quantidade de incêndios na Amazônia brasileira neste ano até o dia 25 de agosto, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Os focos não se limitam ao Brasil, já que ao menos 10 mil quilômetros quadrados estão em chamas na Bolívia perto de sua fronteira com o Paraguai e o Brasil.

Embora o governo brasileiro tenha lançado uma iniciativa de combate ao fogo, enviado soldados e aviões militares, estes esforços só apagarão incêndios menores e evitarão que outros surjam, disseram especialistas. Incêndios grandes só podem ser extintos pela chuva.

A estação de chuvas da Amazônia começa em torno de setembro e demora semanas para causar chuvas generalizadas.

A previsão de chuvas da próxima quinzena se concentra nas áreas que menos a necessitam, segundo Maria Silva Dias, professora de ciências atmosféricas da Universidade de São Paulo (USP).

Prevê-se uma precipitação menor em partes da Amazônia assoladas pelos piores incêndios, acrescentou ela.

O extremo nordeste e oeste da floresta tropical da Amazônia brasileira terão mais chuvas nas próximas semanas, mas partes do leste continuarão muito secas, mostraram dados da Refinitiv.

Mesmo áreas com mais chuvas só as terão de maneira isolada, disseram especialistas.

"Em alguns pontos, você pode até apagar algum fogo, isso com certeza, mas são pontos isolados, não é a área como um todo", explicou a professora.

"A área como um todo precisa começar a chover com mais regularidade, isso só vai acontecer para a frente, outubro por aí."

É preciso que chuvas se concentrem durante um período suficientemente curto para se extinguir um incêndio, caso contrário a água simplesmente evaporará, disse Maria.

Ela estimou que seria preciso ao menos 20 milímetros de chuva durante uma a duas horas para apagar um incêndio florestal, e mais para chamas mais intensas.

O Acre, que faz fronteira com o Peru, deve receber mais chuvas do que a maior parte da Amazônia, um alívio bem-vindo em um Estado no qual os incêndios mais do que dobraram a esta altura do ano na comparação com o mesmo período de 2018 - 90 foram registrados só entre 21 e 25 de agosto, de acordo com dados do Inpe.

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