20 anos do caso Suzane Richthofen: Onde e como estão ela e os irmãos Cravinhos
Marísia e Manfred Von Richthofen foram mortos na noite de 31 de outubro de 2002. Entenda a situação dos condenados pelo caso
Passados 20 anos, o assassinato do casal Marísia e Manfred von Richthofen com a participação da filha deles, Suzane von Richtofhen, na mansão em que moravam, em São Paulo, permanece como um dos mais chocantes crimes da crônica policial brasileira.
Na noite de 31 de outubro de 2002, Marísia e Manfred foram mortos na cama em que dormiam pelo namorado da filha, Daniel Cravinhos, e pelo irmão dele, Cristian Cravinhos. Suzane, a três dias de completar 19 anos, arquitetou o crime e abriu a porta da casa para a entrada dos assassinos dos seus pais.
Os três forjaram um cenário de latrocínio, mas uma investigação minuciosa e rápida da polícia fez com que, em dez dias, terminassem confessando o duplo homicídio.
Em julho de 2006, após cinco dias de julgamento, o júri condenou Suzane e Daniel à mesma pena de 39 anos e 6 meses de prisão. O cumprimento total se estenderá a janeiro de 2041, segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo. Em janeiro de 2018, o rapaz obteve a progressão para o regime aberto e está na rua, enquanto Suzane conseguiu o mesmo benefício nesta quarta-feira, 11, menos de três meses após o crime completar 20 anos, e foi solta.
Nesse mesmo ano, ele precisou ir a uma delegacia liberar uma moto de Cristian, apreendida pela Polícia Militar quando o irmão mais velho foi preso, em Sorocaba. Atualmente, ele cumpre o restante da pena em liberdade, levando uma vida discreta, ao lado da esposa.
Cristian tinha 26 anos quando foi preso e já deveria estar em regime aberto, não fosse ter sido flagrado com munição de uso restrito durante uma confusão, em um bar de Sorocaba, quando estava no semiaberto.
A Polícia Militar foi ao local após receber denúncia de agressão a uma mulher pelo detento. Cristian foi acusado ainda de oferecer dinheiro aos policiais para não ser detido. O condenado cometeu também faltas disciplinares durante o período de encarceramento.
Os irmãos Cravinhos conviveram na Penitenciária 2 de Tremembé com outros presos conhecidos, como Alexandre Nardoni, condenado a 30 anos e 2 meses de prisão pela morte da filha Isabela, em 2008; Lindenberg Alves Fernandes, condenado pelo cárcere privado e morte da namorada Eloá Pimentel; Mizael Bispo de Souza, acusado de matar a advogada Mércia Nakashima, e Gil Rugai, acusado de matar o pai e a madrasta, em 2004, em São Paulo.
Andreas, irmão de Suzane, virou doutor pela USP
O irmão de Suzane, Andreas , com 15 anos à época do crime, passou a viver sob a tutela da avó materna, Lourdes Magnani Abdalla, e do tio, o médico ginecologista Miguel Abdalla Neto. A avó morreu quatro anos depois.
Em 2005, ele foi aprovado em terceiro lugar no vestibular para o curso de Farmácia e Bioquímica da Universidade de São Paulo (USP). Durante o curso, era considerado aluno exemplar e aplicado.
Após a graduação, em 2010, o jovem foi aprovado para o doutorado no Instituto de Química da USP, concluído em 2015. Andreas possui no currículo várias publicações científicas nas áreas de química orgânica e ciências exatas.
O único herdeiro do casal Richthofen - Suzane perdeu o direito à herança por ter participado do assassinato dos pais - poucas vezes se manifestou publicamente sobre o caso. Uma delas foi para defender o pai de uma acusação, não comprovada, de suposto envolvimento em desvios de dinheiro na Dersa.
Em 2017, então com 29 anos, Andreas foi abordado por policiais após pular o muro de uma residência em São Paulo. Na ocasião ele estava com as roupas rasgadas e dizia frases desconexas, segundo a polícia. Levado ao Hospital Municipal do Campo Limpo, ele foi reconhecido e o ex-tutor, Miguel Abdalla, foi avisado.
O jovem passou por tratamento. Andreas levava consigo uma caixa de jóias contendo uma medalha cunhada com o sobrenome da família.
A reportagem pediu autorização à Secretaria de Administração Penitenciária (SAP) para entrevistar Suzane e Cristian nas respectivas unidades prisionais de Tremembé, mas, segundo a pasta, os dois se recusaram a dar entrevista. Procurada, a atual advogada de Suzane, Jaqueline Beatriz Ferreira Domingues, disse que iria refletir sobre a conveniência de dar entrevista, mas não deu retorno. A defesa de Cristian informou que não se manifesta.
Daniel também foi procurado, mas não deu retorno. A reportagem também procurou o tio de Suzane e Andreas e ex-tutor do jovem, médico Miguel Abdalla, mas não houve retorno aos contatos.