Abraji repudia novas agressões a jornalistas em protestos no RJ
Quatro jornalistas foram hostilizados e agredidos nesta quinta-feira no Rio de Janeiro. Os repórteres Julio Molica e Antonia Martinho, da Globonews, foram expulsos da galeria da Câmara Municipal da capital fluminense por manifestantes favoráveis à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus. O repórter cinematográfico da Band, Sergio Colonesi, e o jornalista do Terra, Cirilo Júnior, também foram agredidos em meio a um tumulto. Nenhum dos profissionais precisou de atendimento médico.
Em nota, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) reafirmou a preocupação com o clima de hostilidade contra a imprensa que vem marcando a cobertura de protestos em todo o país.
Na segunda-feira, 19 de agosto, jornalistas foram alvo de jatos de spray de pimenta disparados por policiais militares durante outra manifestação na rua do Catete, também no Rio de Janeiro.
"Agressões a jornalistas estão se tornando perigosamente rotineiras. A democracia não é compatível com atitudes que contrariam o direito à informação de toda a sociedade. A Abraji se solidariza com as vítimas e faz um apelo para que as agressões cessem, sejam perpetradas por quem forem", diz a nota da Abraji.
Protestos contra tarifas mobilizam população e desafiam governos de todo o País
Mobilizados contra o aumento das tarifas de transporte público nas grandes cidades brasileiras, grupos de ativistas organizaram protestos para pedir a redução dos preços e maior qualidade dos serviços públicos prestados à população. Estes atos ganharam corpo e expressão nacional, dilatando-se gradualmente em uma onda de protestos e levando dezenas de milhares de pessoas às ruas com uma agenda de reivindicações ampla e com um significado ainda não plenamente compreendido.
A mobilização começou em Porto Alegre, quando, entre março e abril, milhares de manifestantes agruparam-se em frente à Prefeitura para protestar contra o recente aumento do preço das passagens de ônibus; a mobilização surtiu efeito, e o aumento foi temporariamente revogado. Poucos meses depois, o mesmo movimento se gestou em São Paulo, onde sucessivas mobilizações atraíram milhares às ruas; o maior episódio ocorreu no dia 13 de junho, quando um imenso ato público acabou em violentos confrontos com a polícia.
A grandeza do protesto e a violência dos confrontos expandiu a pauta para todo o País. Foi assim que, no dia 17 de junho, o Brasil viveu o que foi visto como uma das maiores jornadas populares dos últimos 20 anos. Motivados contra os aumentos do preço dos transportes, mas também já inflamados por diversas outras bandeiras, tais como a realização da Copa do Mundo de 2014, a nação viveu uma noite de mobilização e confrontos em São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador, Fortaleza, Porto Alegre e Brasília.
A onda de protestos mobiliza o debate do País e levanta um amálgama de questionamentos sobre objetivos, rumos, pautas e significados de um movimento popular singular na história brasileira desde a restauração do regime democrático em 1985. A revogação dos aumentos das passagens já é um dos resultados obtidos em São Paulo e outras cidades, mas o movimento não deve parar por aí. “Essas vozes precisam ser ouvidas”, disse a presidente Dilma Rousseff, ela própria e seu governo alvos de críticas.