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AC: população teme ficar novamente isolada pelo rio Madeira

Sipam aponta que dificilmente o manancial que banha o Estado de Rondônia vai encher como no início deste ano

20 dez 2014 - 11h50
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População teme que o rio Madeira isole o Acre
População teme que o rio Madeira isole o Acre
Foto: Jardel Angelim / Especial para Terra

A preocupação de acreanos e rondonienses sobre uma possível nova cheia das águas do rio Madeira começou a aumentar neste fim de ano. Com o inverno amazônico, como é chamado o período de chuvas na região, os olhares ficam atentos para o nível das águas. Em fevereiro deste ano, o Acre e Rondônia presenciaram a maior catástrofe da Bacia do rio Madeira da história. A enchente provocada pelo manancial deixou, principalmente, a população do Acre isolada por via terrestre do restante do País. O temor que é isso volte a ocorrer.

Apesar do receio de comerciantes e moradores do Acre, o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) já informou que as previsões são de que o volume de chuvas que vai cair na região será menor do que os do período da cheia. Conforme o Coordenador da Defesa Civil do Estado do Acre, coronel Carlos Gundim, que participou de uma reunião esta semana em Rondônia com o instituto de pesquisas, dificilmente uma nova enchente vai acontecer. “O Sipam não errou nenhuma previsão com relação ao volume de chuvas que caiu sobre o rio Madeira na cheia deste ano. Eles acertaram tudo”, assegura Gundim.

Hoje, o Madeira ainda está longe de ter uma subida surpreendente. Mas isso foi bem diferente até junho deste ano, quando as águas destruíram casas, comércios e invadiu a BR-364, estrada que dá acesso ao Acre através de Rondônia. A região mais afetada, a Vila Abunã, chegou ao nível de cerca de 25 metros, no dia 30 de março. Hoje este mesmo local está em 15 metros. Mesmo assim, ao percorrer a BR é possível observar que ainda há água empossada as margens da rodovia.

A estrada onde as águas tomaram conta foram reconstruídas. Apesar disso, a chuva destruiu metade da pista da BR-364, no km 863, na semana passada, na localidade conhecida como Palmeiral. Agora veículos só trafegam em uma única mão, enquanto o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, o Dnit, realiza a obra de aterro da erosão até a altura da pista e a recomposição do asfalto. Os serviços começaram na semana passada.

Estradas próximas do rio Madeira ficaram destruídas
Estradas próximas do rio Madeira ficaram destruídas
Foto: Jardel Angelim / Especial para Terra
Alívio x Preocupação

Com a cheia que durou cinco meses em 2013 deixando o Acre isolado, muitos produtos faltaram nos supermercados e outros comércios. Nos postos que tinham combustível havia filas de carros querendo abastecer. Este cenário deixou Jurilandi Aragão, que é presidente da Associação Comercial do Acre (Acisa), preocupado. Ele participou da reunião esta semana, em Rondônia, e diz que ficou aliviado com os estudos e previsões apresentadas. “Essa reunião me satisfez demasiadamente. Fomos (empresários) com muitas interrogações pelos boatos que diziam que haveria uma nova catástrofe, mas ficamos satisfeitos com o que foi exposto pelos técnicos (do Sipam)”, comemora.

Aragão confessou que muitos comerciantes e grandes empresários já estavam armazenando produtos para se prevenir de um novo isolamento. “As pessoas estão com medo de isso acontecer novamente, mas elas podem ficar tranquilas”, garante.

Já a comerciante Vandecleia Pinheiro, que trabalha há 30 anos nas proximidades da balsa sobre o Madeira, em Rondônia, conta que perdeu tudo e está desconfiada das previsões. “Na semana passada o rio subiu bastante. Se isso (enchente) acontecer mais uma vez, eu vou perder tudo novamente”, reclama.

Rio Madeira causou enchentes no início de 2014
Rio Madeira causou enchentes no início de 2014
Foto: Jardel Angelim / Especial para Terra
Ponte e Tráfego

Uma das queixas de quem precisa passar diariamente pela BR-364 chegando ou saindo do Acre é a balsa sobre o rio Madeira. Além de ter que pagar para atravessar o manancial de um lado ao outro, as pessoas ainda precisam esperar o percurso da embarcação, atrasando a viagem. Para acabar com este problema, está sendo construída a ponte sobre o Madeira, que, inclusive, já possui algumas colunas. Quando concluída, a obra vai aumentar o fluxo de veículos e diminuir a demora na viagem.

O caminhoneiro José Jardim passa mensalmente pela região e conta as horas para não precisar mais esperar tanto tempo para atravessar o rio. “Aqui é muito difícil. A demora é muito grande. Imagine quando estava tudo alagado, as vezes nós passávamos mais de um dia para conseguir atravessar o rio com a carreta”, conclui.

Fonte: Especial para Terra
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