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Ação de sniper no Rio foi correta, diz especialista

Para ex-comandante do Gate de São Paulo, opção pelo disparo seguiu protocolos e salvou a vida dos reféns

20 ago 2019 - 16h08
(atualizado às 16h55)
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A ação policial que terminou com sequestrador morto e o resgate de seis reféns na manhã desta terça-feira, 20, na Ponte Rio-Niteroi, no Rio, obedeceu protocolos corretos de situações com reféns, na avaliação do tenente-coronel reformado da Polícia Militar de São Paulo Diógenes Lucca, ex-comandante do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), membro do Fórum Brasileiro da Segurança Pública e consultor privado.

Com a ressalva de que não estava no local dos fatos, Lucca afirma que a polícia fluminense prosseguiria com as negociações caso o sequestrador se mostrasse disposto a não ser violento. Lucca diz que o objetivo de situações como esta é preservar a vida de todos os envolvidos, "reféns, policiais e criminoso", mas que, diante de situações adversas, o tiro de comprometimento, termo técnico para o disparo do sniper, é uma alternativa para preservar a vida dos inocentes.

Refém encobre o sequestrador ao descer do ônibus na ponte Rio-Niterói.
Refém encobre o sequestrador ao descer do ônibus na ponte Rio-Niterói.
Foto: Ricardo Cassiano / Agência O Dia / Estadão

"A gente sempre quer resolver a ocorrência com a negociação. A negociação é a alternativa que mais se aproxima do grande objetivo do gerenciamento de crise, que é a preservação da vida", diz. "Quais vidas? Todas. Reféns, policiais e criminoso", afirma Lucca.

"Só que, às vezes, a negociação tem limite. Se ela estiver caminhando bem, você pode negociar por várias horas", continua. "Agora quando, durante a negociação, o criminoso começa a apresentar indicadores de violência, que é por exemplo seviciar (ferir ou maltratar) os reféns, disparar arma, demonstrar algum tipo de descontrole, ou algo que possa colocar em risco o grande objetivo, que é resolver a crise preservando as vidas, aí o gerente da crise é obrigado, por força de doutrina, a adotar medida mais drástica: usar outras alternativas táticas", e aí o tiro passa a ser uma opção, segundo o tenente-coronel.

Lucca afirma que não há um único indicador, uma única linha a ser ultrapassada que autoriza o uso do disparo. "Não é um único indicador de violência, mas um somatório de indicadores de violência pode sinalizar para o gerente da crise que as coisas não estão caminhando bem." "Então, quando o cara começa a disparar a arma, seviciar os reféns, consumir droga, tudo isso são indicadores para o gerente da crise que as coisas não estão indo bem".

Ainda segundo o tenente-coronel, a literatura indica haver dois tipos de tiros de comprometimento: para eliminar o risco completamente, matando o criminoso, ou para eliminar o perigo iminente, situação em que é possível, por exemplo, acertar apenas a mão de um sequestrador armado com uma faca. "É o gerente da negociação quem decide (qual será o tipo do disparo)."

Mas o sniper é quem tem a palavra final sobre efetuar ou não o disparo. "O sniper recebe a ordem, e a partir do momento em que recebe a luz verde, quem escolhe o momento (de atirar) é ele, se der para atingir o objetivo." "O atirador de elite, quando faz o disparo, ele sabe onde vai entrar, onde vai sair, e onde pode pegar o efeito colateral."

Lucca avalia que a situação ocorrida na manhã desta terça no Rio teve um desfecho exitoso. "O local foi isolado, a crise foi contida, iniciaram no processo de negociação, que é o adequado, é sempre assim que funciona."

"Acho, e aí é uma suposição, porque não estava no local, que os policiais perceberam que as negociações não estavam prosperando, o sujeito continuava ali de uma maneira um pouco intempestiva", afirma. "Apesar de ter soltado alguns dos reféns, não foi de uma maneira que daria tranquilidade para prosseguir uma negociação."

Lucca continua: "A polícia do Rio de Janeiro prosseguiria na negociação se ela estivesse caminhando bem, Mas alguma coisa ali, aquelas garrafas de combustível pregadas no ônibus, o jeito dele, saindo e voltando, pode ser que gerou uma leitura por parte do gerenciador da crise de que era necessária uma ação para resolver o problema antes que ficasse pior para os inocentes que estavam lá."

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Estadão
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