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Acre pode ser porta de entrada do vírus ebola no Brasil

Autoridades afirmam que o perigo é remoto, mas real; população pede prevenção

18 out 2014 - 12h02
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Imigrantes africanos ficam em abrigos em Rio Branco, capital do Acre
Imigrantes africanos ficam em abrigos em Rio Branco, capital do Acre
Foto: Jardel Angelim / Especial para Terra

Todos os dias cerca de 50 imigrantes atravessam as fronteiras do Acre, em Assis Brasil, pela estrada do Pacífico, distante 330 km da capital Rio Branco. Além dos haitianos, chegam ao estado também os senegaleses, vindos da África Ocidental. O continente foi onde começou a maior epidemia mundial da atualidade, a contaminação pelo vírus ebola. Sabendo dessa situação, os acreanos começam a se preocupar com a facilidade de entrada dos africanos no estado.

Segundo eles, o problema é a falta de monitoramento na fronteira. “Eu não tenho nada contra a entrada deles aqui no Acre, mas com essa doença que se espalhou pelo mundo, a gente fica com medo que ela chegue aqui também com os africanos”, retrata o almoxarife Célio Negreiros, que mora em Rio Branco.

O medo é real e poder ocasionar problemas a todo o país. Em entrevista a uma TV local, o governador Tião Viana (PT/AC) disse que já noticiou o assunto ao Ministério da Saúde. “Eu mandei três informações formais ao ministério da Saúde dizendo que hoje nós temos mais de 140 senegaleses no Acre, onde está acontecendo o ebola na África”, declarou. O governador falou ainda que no estado também há imigrantes de Serra Leoa, região africana que já teve todos os seus distritos registrados com casos da doença.

Controle x Medo

Apesar de estar perto dos países com mais índices da contaminação do vírus, o Senegal conseguiu controlar a doença, segundo informou a Organização Mundial de Saúde (OMS). A médica infectologista da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), Rossana Macedo, explicou que o ebola só é transmitido quando os sintomas já estão aparentes. Portanto, os possíveis africanos que chegam ao estado com a doença seriam logo identificados, uma vez que a informação é que eles demoram até 40 dias de viagem até o Acre.

No entanto, os próprios imigrantes garantem que quem tem mais condições viaja por apenas 11 dias para chegar ao estado pela fronteira de Assis Brasil. De lá eles pegam um táxi e seguem para um abrigo em Rio Branco e depois para as regiões Sul e Sudeste do país. Como o vírus fica encubado até 21 dias, é impossível saber se os imigrantes estariam infectados sem um controle adequado. Alguns municípios do estado já possuem equipamento e tiveram profissionais da saúde treinados sobre o risco da ocorrência do ebola, mas as fronteiras continuam abertas sem uma fiscalização da entrada dos africanos.

O treinamento nos municípios continua até o dia 30 de outubro, mas Assis Brasil, onde o perigo é maior, será um dos últimos locais a receber capacitação, conforme a Sesacre. Além disso, não há uma unidade de saúde na fronteira para que seja feita uma triagem sobre o estado de saúde dos imigrantes. Com este cenário que ainda não despertou para uma vigilância do ministério da Saúde e da secretaria do estado, os acreanos sabem que o risco existe.

Para o taxista José França, o perigo é real e há negligência na falta de fiscalização. “Nós deveríamos ter uma fiscalização mais severa nas nossas fronteiras. Principalmente aqui no Acre. Deveria ser mais rigoroso para os imigrantes entrarem aqui”, reclama. Embora haja o perigo, até hoje não há qualquer notícia de uma imigrante infectado no estado. Mesmo assim, o que os acreanos querem é prevenção.

Foto: Terra Arte

Fonte: Especial para Terra
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