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Adolescente desaparece e familiares questionam ação da polícia

Ele sumiu na madrugada de quarta-feira em Santo André, no ABC; policiais investigam o caso

15 nov 2019 - 20h52
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SÃO PAULO - Um adolescente de 14 anos morador de uma favela de Santo André, no ABC, está desaparecido desde a última quarta-feira, 13, e familiares suspeitam do envolvimento de policiais militares no sumiço. A polícia investiga o caso.

Segundo informações prestadas à Polícia Civil por um irmão do adolescente, um homem de 22 anos, a última vez que o Lucas Eduardo Martins dos Santos foi visto foi pouco depois da meia-noite de quarta. Ele estava na frente da casa de sua tia, no Jardim Teles de Menezes, quando uma parente o encontrou e mandou que ele fosse para casa, uma vez que o irmão estava prestes a chegar do trabalho. Lucas disse que já estava indo.

Pouco depois da 1 hora, já em casa, o irmão de Lucas e sua madrasta ouviram barulho de carros na rua. Eram policiais militares. Antes de abrir a porta, a madrasta ouviu uma voz dizer "eu moro aqui". O boletim de ocorrência registrado no 6.º Distrito Policial de Santo André informa que ela não teve certeza absoluta ser a de Lucas.

O adolescente Lucas Eduardo Martins dos Santos
O adolescente Lucas Eduardo Martins dos Santos
Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal / Estadão

Ainda segundo as declarações do irmão, os policiais tocaram a campainha, perguntaram quem morava lá e, mesmo sem apresentar nenhum mandado judicial, pediram para entrar na casa. A madrasta disse o nome de todos os moradores deixou que entrassem, mas os policiais só olharam o imóvel pela porta da frente. Os PMs também teriam perguntado se havia algo de errado na casa antes de irem embora.

Depois disso, a família passou a procurar o adolescente pelo bairro, sem sucesso. Durante a madrugada, viram um usuário de drogas conhecido na vizinhança usando o moletom que Lucas estava vestindo naquela mesma noite. Ele disse que encontrou a roupa e um boné nos fundos de uma das escolas públicas do bairro. Os policiais que registraram o boletim de ocorrência informaram que a equipe de plantão "não vislumbrou qualquer indício que pudesse requisitar perícia", e assim o local não foi periciado.

No fim da tarde do mesmo dia, depois de procurar o adolescente pela cidade o dia todo, parentes e amigos da família de Luca fizeram um ato para exigir explicações da Polícia Militar sobre o sumiço do adolescente. O advogado Ariel de Castro Alves, membro do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe) que auxilia a família, conta que PMs foram até o local do protesto e atiraram bombas de gás lacrimogêneo.

"Mais um caso gravíssimo, provavelmente envolvendo policiais militares, conforme os relatos dos familiares e das testemunhas", disse o advogado. "A PM de São Paulo e o Governo do Estado devem respostas à sociedade sobre o paradeiro do menino Lucas imediatamente."

Ainda segundo Alves, "novamente a imagem da Polícia militar está sendo manchada, gerando mais descrédito para a instituição. A PM deveria ser a maior interessada em solucionar rapidamente este caso de Possível desaparecimento forçado". A Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo instaurou procedimento para acompanhar o caso.

Na tarde desta sexta, um corpo encontrado na represa Billings, que não pode passar por reconhecimento por estar muito deteriorado, foi levado ao Instituto Médico-Legal de Santo André. Exames tentarão identificar o corpo.

O Estado procurou a Secretaria Estadual da Segurança Urbana para tratar do caso, mas ninguém atendeu o telefone às 19h10 desta sexta-feira, 15.

Segundo resposta que o órgão enviou à TV Globo, o caso está sendo investigado Setor de Desaparecimento da Polícia Civil de Santo André e pela própria Polícia Militar, que teria afastado do serviço operacional dois PMs.

Estadão
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