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Advogados são orientados a usar "roupas típicas" em protestos

2 ago 2013 - 04h58
(atualizado às 05h14)
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Desde os protestos de junho e julho no Rio, o advogado criminalista João Pedro Pádua, de 31 anos, tem incluído em sua rotina profissional o acompanhamento do itinerário das manifestações para saber a quais pontos da cidade - e a quais delegacias - enviar colegas advogados.

Ele é parte de um grupo que, organizado a partir do Facebook e com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil no Rio de Janeiro (OAB-RJ), tem prestado amparo jurídico a manifestantes e atuado, segundo eles próprios, como observadores e mediadores entre polícia e membros do público.

O trabalho começou com as grandes manifestações de meados de junho. "Diante da repressão (policial) em protestos anteriores, advogados se mobilizaram espontaneamente para observar a legalidade e dar um apoio simbólico ao direito de se manifestar", diz Pádua à BBC Brasil.

A partir de 20 de junho, os advogados começaram a se dirigir a delegacias, acompanhar registros de ocorrências e a mediar a saída de pessoas retidas pelos protestos em prédios ou balsas.

Roupa de advogado

Os advogados são instruídos a não agir como manifestantes e a se diferenciar da multidão, até na roupa (terno para homens, e roupa social para mulheres) e a identificar-se. Inicialmente, isso era feito com um broche da OAB. Agora, a seccional do Rio criou uma carteirinha própria para seus advogados que estão atuando nas ruas.

Segundo a OAB-RJ, cerca de 400 manifestantes foram de alguma forma auxiliados juridicamente pela entidade no Rio.

"A maioria dos casos são, do ponto de vista jurídico, de pequeno potencial ofensivo. O manifestante é detido, é feita a ocorrência, e ele é solto em seguida", comenta Pádua, que faz parte de uma das comissões da OAB-RJ.

"O que é muito novo, para mim, é a atuação (da polícia) na rua promovendo uma espécie de estado de sítio informal, tirando pessoas da rua e prendendo algumas aleatoriamente."

A BBC Brasil questionou a Secretaria Estadual de Segurança do Rio a respeito do comentário do advogado, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

Essa postura, segundo Pádua, mudou na última semana. "Na 'marcha das vadias', por exemplo, o capitão da PM veio se apresentar para nós. Eles (policiais) mantiveram a calma mesmo nos momentos em que foram provocados por alguns manifestantes."

A atuação da OAB-RJ chegou a ser alvo de crítica da PM pelo Twitter e, segundo o presidente da entidade, Felipe Santa Cruz, membros do público também o acusaram de "defender bandidos".

Pádua, por sua vez, diz que estava acostumado a críticas do tipo em sua vida de advogado de defesa. Mas acrescenta que, após sua atuação nas manifestações, as reações têm sido mais positivas.

"Vi comentários no Facebook de pessoas dizendo que tinham pé atrás com advogados e mudaram de opinião (após a atual onda de protestos). Isso para mim é emocionante, que passem a nos ver não como defensores de bandidos, mas sim defensores de direitos."

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