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Aeronaves de pequeno porte lideram estatísticas de acidentes no Brasil; imprudência é fator-chave

No início de 2025, ao menos três acidentes envolvendo aeronaves de pequeno porte já foram registrados no País

18 jan 2025 - 05h00
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Acidentes envolvendo aviões de pequeno porte em Caieiras e Ubatuba (SP)
Acidentes envolvendo aviões de pequeno porte em Caieiras e Ubatuba (SP)
Foto: Defesa Civil/Francisco Trevisan

Aeronaves de pequeno porte lideram as estatísticas de acidentes aéreos no Brasil, conforme dados do painel do Sistema de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Sipaer), administrado pela Força Aérea Brasileira (FAB).

Em 2024, o País registrou o maior número de mortes em acidentes aéreos desde 2015, com 153 vítimas. Esse número é quase o dobro das mortes registradas em 2023 (77) e mais que o triplo das contabilizadas em 2022 (49).

De acordo com dados do painel do Sipaer:

  • Desde 2015, foram registrados no Brasil ao menos 1.567 acidentes aéreos, dos quais 371 resultaram em mortes;
  • No período de janeiro de 2015 a janeiro de 2025, os acidentes aéreos contabilizaram ao menos 779 vítimas fatais;
  • A maioria desses acidentes envolve aeronaves de pequeno porte, com capacidade limitada de passageiros;
  • A maior parte dos acidentes envolveu voos particulares e agrícolas;
  • Os estados com o maior número de ocorrências no período são: São Paulo (289), seguido por Mato Grosso (181) e Rio Grande do Sul (146).

No início de 2025, ao menos três acidentes envolvendo aeronaves de pequeno porte já foram registrados. O primeiro ocorreu em 9 de janeiro, na orla da Praia do Cruzeiro, em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo. O piloto da aeronave morreu, mas os quatro passageiros, todos da mesma família, sobreviveram e foram encaminhados para atendimento médico.

No dia 11 de janeiro, por volta das 15h, outro avião de pequeno porte caiu em Montenegro, na região do Vale do Caí, no Rio Grande do Sul. A aeronave tinha um professor e um aluno a bordo, ambos resgatados com vida.

O acidente mais recente ocorreu na noite desta quinta-feira, 16, quando um helicóptero caiu em uma área de mata em Caieiras, na região metropolitana de São Paulo. A aeronave só foi localizada pelo helicóptero Águia na manhã de sexta-feira, 17. Dos quatro ocupantes, dois morreram. Essas vítimas fatais ainda não constam no painel do Sipaer, pois as informações só são incluídas após a conclusão dos relatórios pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

O que explica tantos acidentes aéreos no Brasil?

Ao Terra, o perito aeronáutico Daniel Calazans explicou que o aumento de acidentes aéreos nesta época do ano está relacionado ao crescimento do número de voos, típico do verão e do período de férias, além das condições meteorológicas adversas. No entanto, ele destacou que as principais causas são a imprudência e o desrespeito às regras da aviação brasileira.

"Acontecem muitos acidentes nessa época do ano porque há um aumento no número de voos, com pessoas de férias querendo viajar para determinadas regiões. Porém, muitas vezes, esses voos acontecem mesmo com condições meteorológicas adversas e, na maioria das situações, devido à imprudência dos pilotos. Embora uma falha mecânica possa ocorrer, normalmente o avião já havia demonstrado sinais dessa falha antes. Portanto, de qualquer forma, envolve o fator humano", afirma.

De acordo com o perito, o Brasil já possui regras aeronáuticas rigorosas, bem estabelecidas e seguras, mas o problema está no fato de que muitas pessoas acabam violando essas normas. Calazans também afirma que as aeronaves, sejam novas ou antigas, são seguras quando operadas corretamente. "O que mata, o que derruba, não é o avião. É como se está operando o avião. Operar em condições degradadas, com pouco combustível ou em pistas inadequadas é o que causa os desastres", destaca. 

Segundo o especialista, apesar do aumento no número de mortos em 2024, observa-se, nos últimos 10 anos, uma crescente falta de conscientização em relação às regras de segurança. Ele destaca que, na maioria dos casos, os acidentes aéreos são fatais devido à altura e à velocidade em que os aviões operam. De acordo com ele, a conscientização e a responsabilidade são os fatores principais para reduzir o alto índice de acidentes.

"Além das condições meteorológicas adversas, existem outros fatores, como aeroportos críticos, a imprudência dos pilotos, a fadiga dos profissionais devido a jornadas excessivas de trabalho, e a pressão de proprietários para que o voo seja realizado, independentemente das condições climáticas ou do estado da aeronave. O que tem levado à tragédia é a conduta, a mentalidade e a falta de consciência. Independente da fiscalização, o piloto deve sempre voar apenas em condições de segurança", explica ele.

Para Calazans, a cultura da impunidade também tem contribuído para a repetição de acidentes. "Hoje, a segurança aeronáutica não deveria mais estar na mão da comunidade aeronáutica. Precisa estar na polícia e no Ministério Público. É necessário investigar com a finalidade de responsabilizar quem viola as regras. A impunidade garante a violação das normas", destaca o perito. 

Helicóptero cai em Caieiras, na Grande SP, com quatro pessoas a bordo:
Fonte: Redação Terra
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