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Aluna da Unicamp é morta a facadas em São João da Boa Vista; polícia cerca local atrás de suspeito

Mayara Roquetto Valentim foi atacada a facadas na Serra da Paulista, no interior do Estado. Suspeito de 28 anos sofre de esquizofrenia e já teria tentado matar uma outra vítima, segundo a polícia

17 mai 2022 - 15h00
(atualizado às 20h54)
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SOROCABA - A polícia usa cães farejadores na tentativa de localizar o homem suspeito de ter assassinado com 28 facadas a estudante da Universidade de Campinas (Unicamp) Mayara Roquetto Valentim, de 23 anos, em São João da Boa Vista, interior de São Paulo. O homem apontado pela Polícia Civil como autor do crime, Michael Douglas Valentim, de 28 anos, sofre de esquizofrenia e já teria tentado assassinar outra mulher.

Até a manhã desta terça-feira, 17, ele estava escondido na Serra da Paulista, onde o corpo da estudante foi encontrado. O local está cercado pelos policiais. Mayara foi assassinada após sair de casa para fazer uma caminhada, na manhã de domingo, 15. Amigos da estudante disseram que ela tinha o hábito de caminhar em um local da serra conhecido como Vale dos Gnomos. O recanto, em meio à mata, é procurado por moradores e turistas.

Mayara foi assassinada após sair de casa para fazer uma caminhada, na manhã de domingo, 15
Mayara foi assassinada após sair de casa para fazer uma caminhada, na manhã de domingo, 15
Foto: Facebook / Estadão

Imagens de uma câmera de monitoramento mostram quando a garota atravessa uma rua e se dirige ao local da caminhada. Como ela não retornou, familiares iniciaram as buscas e pediram ajuda à polícia.

O corpo foi encontrado na noite de domingo por pessoas que ajudavam a procurar a garota, caído em uma ribanceira, em meio às pedras, a menos de 4 quilômetros de sua casa. Mayara tinha marcas de 28 facadas no tórax, cabeça, braços e mãos, o que indica que teria tentado se defender do agressor. Conforme a polícia, não havia sinais de violência sexual. O corpo passou por perícia no Instituto Médico Legal de São João da Boa Vista, mas o laudo ainda não saiu.

O delegado Fabiano Antunes, responsável pela investigação, considera a autoria do crime esclarecida. Segundo ele, Michael Douglas já havia tentado matar outra mulher no sábado, 14, na pensão em que estava morando. Conforme a vítima relatou ao próprio delegado, o rapaz a atraiu para o quarto pedindo ajuda para empurrar um armário. Ela entrou e foi atingida por uma coronhada de revólver na cabeça. O rapaz puxou o gatilho duas vezes, mas a arma falhou e eles entraram em luta corporal. O suspeito fugiu.

Conforme o delegado, como Michael Douglas já tinha passagens por violência doméstica e porte ilegal de arma, crimes pelos quais chegou a ser preso, ele pediu a expedição de mandado de prisão temporária contra o suspeito, concedido pela Justiça. De acordo com Antunes, depois de tentar matar a vizinha, o rapaz se escondeu na Serra da Paulista. "Ele sofre de esquizofrenia e, segundo os familiares, estava tomando medicamentos. Tentou matar a primeira moça gratuitamente, talvez por conta de um surto psicótico."

Conforme o delegado, com as imagens do primeiro crime - a tentativa de homicídio - não foi difícil para a investigação colocar o suspeito no cenário do assassinato da jovem. "Tínhamos as roupas dele que ficaram na pensão e os cães farejadores fizeram um bom trabalho, detectando o cheio dele na mata. Considero que o crime está esclarecido, só é difícil entender a motivação. Provavelmente ele teria matado quem aparecesse na frente, por isso temos urgência em encontrá-lo", disse. Alguns moradores da serra disseram ao delegado que o rapaz tinha sido visto pedindo comida por lá.

Os relatos também deram conta de que, após sair da prisão, há cerca de dois meses, Michael Douglas foi morar com os pais, mas acabou se desentendendo e deixou a casa, passando a morar na pensão. Provavelmente, segundo o delegado, o crime foi ocasional, pois tudo indica que o suspeito não conhecia a vítima. Além dos cães farejadores, 45 policiais buscavam o foragido nesta terça-feira.

As polícias de municípios vizinhos foram acionadas e receberam fotos do rapaz. Para o delegado, a prisão dele seria apenas uma questão de tempo.

O assassinato brutal da jovem causou comoção na cidade de 93 mil habitantes, onde Mayara nasceu, passou a infância e fez os primeiros estudos, até sair para cursar a universidade de Campinas. Ela morava com o pai, a mãe e uma irmã em um condomínio de prédios no bairro Alto da Prata, em São João da Boa Vista.

Amigos de infância usaram as redes sociais para lamentar a morte prematura da jovem e pedir justiça. "Quão destruído está meu coração neste momento. Que tristeza... Que além da da justiça do homem, a justiça de Deus não deixe passar em branco essa monstruosidade", postou a amiga Letícia Cruz, em sua página no Facebook.

O corpo de Mayara foi sepultado na manhã desta terça-feira, no Cemitério Municipal de São João da Boa Vista. O velório, no salão de velórios da Santa Casa, foi encerrado em clima de muita emoção. Além de familiares e amigos, colegas de faculdade foram prestar a última homenagem à jovem.

Mayara estudava ciências biológicas na Unicamp, em Campinas, desde 2017. Ela concluiu o bacharelado no segundo semestre de 2021 e cursava a licenciatura. A jovem morava próximo à universidade, mas viajava nos fins de semana para visitar os pais em São João da Boa Vista.

O Instituto de Biologia da Unicamp determinou luto de três dias - de segunda à quarta-feira, 18 - pela morte da acadêmica. "Foi uma aluna extremamente participativa no curso e querida pelos colegas de sala e docentes. Mayara nos deixa com 23 anos e muita saudade. Aos familiares, amigos e colegas enlutados, nossos mais sinceros sentimentos", divulgou a diretoria em comunicado.

A Polícia Civil encontrou referências a assassinatos em série no quarto de pensão ocupado por Michael Douglas da Silva. Nesse cômodo, Silva, que segundo a polícia sofre de esquizofrenia, tentou matar uma vizinha, mas a arma falhou. Nas paredes há o desenho de uma cruz suástica, símbolo do nazismo, e a palavra "Santanás". Há referências também ao "Massacre de Suzano", em que sete pessoas foram assassinadas em uma escola, em 2019, e a "Lázaro Barbosa", o serial killer que matou uma família no Distrito Federal, fugiu da polícia durante 20 dias e durante a fuga cometeu vários crimes em Goiás, até ser morto pelos policiais.

A reportagem tentou contato com familiares de Silva, mas não obteve retorno. Até a noite desta terça-feira, 17, nenhum advogado tinha se apresentado à delegacia da Polícia Civil para ver o inquérito na condição de defensor do suspeito. Caso ele não constitua advogado, mesmo estando foragido, a Justiça deve nomear um defensor público para a sua defesa.

Estadão
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