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Aos 50 anos, zoo vira 'arca de Noé' para animais anciões em Sorocaba

Zoológico 'Quinzinho de Barros' tem 1,2 mil animais de 300 espécies

24 set 2018 - 11h47
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SOROCABA - Com 60 anos, o senhor Black já mostra sinais de músculos cansados, sintomas de artrose e passa por exames para detecção de possíveis problemas cardíacos. Para um chimpanzé, que já conviveu com duas esposas, essa é uma idade bastante avançada, mas Black não é o único "ancião" do Zoológico Municipal "Quinzinho de Barros", de Sorocaba, interior de São Paulo. O zoo completa 50 anos de fundação como uma "arca de Noé" de animais longevos e tem um projeto para que vivam bem seus últimos anos.

Chimpanzé Black, um dos anciões do zoo de Sorocaba, chegou aos 60 anos
Chimpanzé Black, um dos anciões do zoo de Sorocaba, chegou aos 60 anos
Foto: Gilberg Antunes - PMS / divulgação / Estadão

Mel, uma macaca africana da espécie mandril, de face colorida, que ficou famosa com o filme "O Rei Leão", é uma idosa de 45 anos e tem diabetes. Ela precisa tomar insulina todos os dias e, para reduzir o estresse do tratamento, passou por um treinamento. Agora, Mel se posiciona automaticamente para receber a aplicação da substância sob a pele. A macaca é alimentada com uma dieta especial e passa por exames regulares para controle da glicemia. A primata já teve catarata nos olhos e voltou a enxergar após uma cirurgia.

O casal de elefantes Sandro e Haisa chegaram ao zoo em 1991, já com idades avançadas. Na natureza, um desses paquidermes vive em média 40 anos, mas em cativeiro pode chegar a 60 anos. Essa é a idade estimada de Haisa, que veio resgatada de um circo. Sandro é mais jovem, tem 45 anos, mas já passou o tempo médio de vida na natureza. "Eles recebem alimentação balanceada para evitar a obesidade e são estimulados a fazer alguns exercícios", conta o médico veterinário André Costa, responsável pelo zoo.

O programa de bem estar dos animais idosos inclui exames para diagnosticar problemas degenerativos, renais, cardíacos e o câncer. "Um animal idoso, assim como o ser humano, fica mais vulnerável a doenças por conta da idade. Cuidamos para que ele possa viver mais tempo com qualidade", disse. É também o caso do casal de hipopótamos Yuri e Yara. Ele com cerca de 40 anos, ela com 46, os dois chegaram à terceira idade após terem gerado 13 filhos que foram doados ou emprestados a outros zoológicos brasileiros para programas de preservação da espécie.

Na sexta-feira, 21, Yuri passou por tratamento dentário - em razão da idade, ele desenvolveu uma gengivite. O animal também foi condicionado a se apresentar para o tratamento sem necessidade de anestesia. O recorde de longevidade entre animais do zoo pertence a três pelicanos - aves que se caracterizam pela bolsa sob o bico. A idade limite desses grandes pássaros em vida livre é de 20 anos, mas os espécimes de Sorocaba já estão em cativeiro há 40 anos.

Para o veterinário, esse é um indicativo de que o programa de bem estar animal dá resultados. "Com esses cuidados, o zoológico exerce o papel semelhante ao da passagem bíblica da Arca de Noé, preservando e garantindo a reprodução de animais que estão ameaçados de extinção", disse. Segundo ele, acompanhar o envelhecimento dos animais ajuda a entender o processo de senilidade do próprio homem. "Há pesquisas científicas que correlacionam doenças humanas e animais, como o câncer e moléstias infecto contagiosas. Existe aí um campo para descobertas e avanços científicos." Inaugurado em outubro de 1968, o zoo de Sorocaba tem 1,2 mil animais de 300 espécies.

Estadão
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