Apagão: prefeitura deixou fila de 13.900 árvores sem podar
Divergências entre Enel, prefeitura e governo federal em relação à responsabilidade pelas podas de árvores em São Paulo após apagão de outubro de 2024.
O apagão que atingiu São Paulo em outubro de 2024 gerou uma intensa divergência entre a Enel, a prefeitura e o governo federal sobre a responsabilidade pela poda de árvores na cidade. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, afirmou que cerca de 50% do apagão foi causado pela queda de árvores, levantando questões sobre a eficácia das podas realizadas pela Enel.
A situação é complexa e envolve um convênio firmado em junho de 2022, que estabelece que a Enel é responsável pela poda das árvores que estão em contato com a rede elétrica, enquanto a prefeitura deve cuidar da retirada das árvores.
No entanto, a prefeitura argumenta que a Enel não apresentou os planos anuais de manejo necessários para realizar as podas nos anos de 2022 e 2023, o que impede uma coordenação efetiva entre as partes. A prefeitura também destaca que existem cerca de 6.000 podas pendentes, que dependem da ação da Enel.
As divergências se estendem a vários pontos críticos. Primeiro, a prefeitura exige um plano de manejo e um plano de contingência da Enel, que deve ser apresentado anualmente. Em segundo lugar, há uma diferença entre as podas de desobstrução e as podas de manutenção; enquanto a Enel prefere realizar as podas que não exigem desligamento da rede elétrica, a prefeitura defende a necessidade de podas que garantam a segurança e a saúde das árvores. Além disso, há um impasse sobre o prazo para realização das podas: enquanto a prefeitura deseja estabelecer prazos claros, a Enel resiste a essa ideia.
Outro ponto sensível é o acesso ao GPS dos veículos da Enel. A prefeitura deseja monitorar onde as equipes estão atuando para garantir uma resposta mais rápida às necessidades da cidade, mas a Enel se recusa a fornecer esses dados, alegando questões de segurança e estratégia.
Essas divergências não apenas complicam o gerenciamento das árvores urbanas, mas também afetam diretamente os serviços essenciais à população. Com um histórico recente de apagões e interrupções no fornecimento de energia, o debate sobre quem deve assumir a responsabilidade pelas podas torna-se cada vez mais urgente.
A falta de um consenso claro entre as partes envolvidas pode resultar em mais problemas para os moradores de São Paulo, especialmente em períodos críticos como tempestades e ventos fortes.
Assista ao vídeo com o comentário de André Forastieri.
(*) André Forastieri é jornalista, empreendedor, Top Voice LinkedIn e fundador da plataforma Homework. Se você curtiu esse vídeo e quer receber conteúdos exclusivos, assine sua newsletter aqui, é grátis: andreforastieri.com.br.