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Aparecida espera 100 mil fiéis para celebrar padroeira, com desafio para controle do público

Acesso ao santuário será limitado a 2,5 mil fiéis por missa, menos de 10% da capacidade. Prefeitura disse ter reforçado estrutura e protocolos anticovid e cidade já vê retomada de circulação após um ano afetado pela pandemia

7 out 2021 - 15h11
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SOROCABA - Apesar das restrições da pandemia de covid-19, o Santuário Nacional de Aparecida, no interior de São Paulo, deve receber pelo menos 100 mil visitantes durante as celebrações do dia da padroeira do Brasil, neste fim de semana prolongado pelo feriado do dia 12. Apenas para as celebrações do dia de Nossa Senhora Aparecida, são esperados entre 60 e 80 mil fiéis.

No ano passado, mesmo com as missas fechadas para o público, 30 mil pessoas foram ao santuário. Conforme a prefeitura, o policiamento foi reforçado pelo Estado e 500 policiais vão garantir a segurança, além do cumprimento das regras sanitárias contra a covid.

De acordo com o padre Luiz Camilo Junior, porta-voz do santuário, devido ao avanço na vacinação e à queda no número dos casos de covid-19, a direção decidiu abrir as missas e eventos ao público, mas o acesso será controlado. No salão principal do santuário, com capacidade para 30 mil pessoas, só poderão entrar 2.500 fiéis a cada missa. Ele disse que a expectativa de um grande público se baseia na quantidade de romarias já programadas e na previsão de fluxo de veículos das rodovias de acesso.

Segundo o padre, no ano passado, mesmo com as missas presenciais suspensas, os fiéis foram a Aparecida para visitar o nicho com a imagem original de Nossa Senhora. "A fé e a tradição falam mais alto e as pessoas querem homenagear Nossa Senhora Aparecida em seu dia. Há uma rampa de acesso externa para o nicho com a imagem e as pessoas não precisam entrar no santuário", explicou.

Para atender mais fiéis que pretendem assistir às missas, elas serão celebradas também no Centro de Eventos, segundo o padre. "Ali cabem 8 mil pessoas, mas vamos organizar a entrada de até 5 mil por missa", disse. No total, serão 14 celebrações ao longo do dia.

O acesso aos eventos será controlado. "Nossas equipes vão orientar as filas com distanciamento, medir a temperatura, higienizar com álcool e verificar o uso correto da máscara. No interior da igreja, todos ficarão sentados e serão apenas três pessoas por banco", descreveu. Durante a missa, saudações e abraços estão vedados. A igreja será fechada após a última celebração.

Nos espaços externos, que incluem o Centro de Apoio ao Romeiro, os seguranças vão fiscalizar o uso da máscara e dispersar aglomerações. Nas duas praças de alimentação, as mesas foram dispostas com distanciamento e só será admitida a entrada de pessoas equivalentes ao número de assentos. O serviço de som alertará para os cuidados sanitários. "Queremos que todos possam homenagear Nossa Senhora, mas sem superlotação", disse o padre.

Prefeito diz que cidade está preparada

O prefeito Luiz Carlos de Siqueira (Podemos) disse que a cidade se preparou para a volta dos romeiros. Com 36 mil habitantes, Aparecida é o principal destino do turismo religioso no Brasil, recebendo até 13 milhões de visitantes por ano.

"Até em razão da pandemia, há um clamor pela fé, uma carência do povo brasileiro pelo reencontro com a 'mãe' Aparecida. Levando em conta que o fim de semana vai emendar com o feriado, vamos passar fácil de 100 mil visitantes aqui", disse.

Segundo ele, a cidade já vinha se preparando para a volta dos turistas e romeiros. "Tivemos em agosto o lançamento do primeiro laboratório móvel de testagem contra a covid do Instituto Butantan. Fizemos uma varredura na cidade com testes e inquérito epidemiológico. O santuário vacinou todos os seus funcionários, colaboradores e voluntários. Temos uma feira-livre com 2.500 ambulantes que irá funcionar no feriado e todos fizeram testes", disse.

O prefeito reconhece que o coronavírus ainda circula na cidade. "Estamos com três pacientes na UTI, mas um é de fora. Também são três pacientes na enfermaria, mas a ocupação de leitos é de 20%", disse.

Ele garante que, mesmo com a cidade lotada, os protocolos contra a covid serão cumpridos. "Montamos uma estrutura de saúde toda voltada para a prevenção da covid. Teremos barracas pela cidade com profissionais de saúde de plantão e nosso pronto-socorro com uma escala de médicos, além de equipes de prontidão. Vamos fiscalizar o comércio, os hotéis, os equipamentos turísticos."

A volta das celebrações presenciais no Santuário Nacional de Aparecida já anima o comércio local. O comerciante Ramiro Marques, dono do restaurante Phumbika, localizado próximo ao acesso do santuário, disse que no final da semana passada, quando a novena de Nossa Senhora começou, o movimento aumentou de 60% a 70%. "Estávamos quase parados e agora está voltando ao normal, felizmente. Estamos seguindo os protocolos sanitários, com menos ocupação, e nossa expectativa é muito boa para a festa da Aparecida e para o resto do ano", disse.

A volta dos peregrinos gera expectativa positiva também nas cidades do entorno. "No último final de semana, já notamos uma melhora. Muitos romeiros que vêm até o santuário, acabam preferindo se hospedar nas cidades vizinhas e procuram nosso atendimento. Estamos com boa expectativa em relação à festa da padroeira", disse Rafaela Silva, gerente do restaurante Luciana Valladão, em Guaratinguetá.

Além do santuário, a cidade oferece passeios de barco pelo Rio Paraíba do Sul, onde a imagem de Nossa Senhora foi encontrada há mais de 300 anos, e o teleférico, que leva visitantes até o Morro do Cruzeiro. No ano passado, devido à pandemia, toda a estrutura turística parou e os comerciantes amargaram prejuízos.

O número de visitantes previsto este ano está longe do recorde de turistas registrado em 2017, quando 160 mil fiéis se deslocaram a Aparecida para celebrar os 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora.

Programação do feriado prevê missa de hora em hora

No feriado do dia 12, terça-feira, haverá alvorada às 4h55 e missa de hora em hora, a partir das 5 horas. Ao meio-dia, os sinos dobrarão em homenagem a Nossa Senhora Aparecida. Às 18 horas, acontece a celebração do Angelus na Basílica Histórica, seguida da missa de encerramento. A visita à imagem no santuário começa à zero hora e vai até as 21 horas. A Basílica Histórica pode ser visitada das 6 às 17 horas.

Está liberada para o público a passagem pelo nicho com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, Casa de Velas e Sala das Promessas, assim como as demais atrações, como a feira e o bondinho. As missas e celebrações serão transmitidas ao vivo pela TV Aparecida e outras mídias católicas, além dos perfis oficiais do santuário. Devido ao limite de público, as autoridades do santuário pedem que os devotos deem preferência a acompanhar as celebrações de forma remota.

As celebrações da padroeira começaram no último domingo, 3, com a abertura da novena em homenagem à Virgem. Na procissão de entrada, os fiéis levaram uma bandeira preta para lembrar as quase 600 mil vítimas da pandemia. A novena segue com missas e celebrações, já com a restrição de público, até o dia 11.

Grupos de romeiros estão na estrada a caminho de Aparecida

Desde a semana passada, grupos de romeiros estão na estrada a caminho de Aparecida. A Polícia Rodoviária Federal iniciou no dia 1º uma operação conjunta com a concessionária da Via Dutra para dar segurança aos peregrinos.

Mais de 200 policiais rodoviários foram destacados para atuar na região do Vale do Paraíba até o dia 15 de novembro. As equipes realizarão ações de segurança e apoio independentemente do caminho escolhido para a peregrinação. A corporação orienta que os romeiros usem roupas claras e caminhem em fila indiana pelo sentido São Paulo da Dutra, caso decidam utilizar a rodovia.

No último fim de semana, o posto de contagem da CCR Nova Dutra em Pindamonhangaba contabilizou 810 romeiros na estrada com destino à Aparecida.

"Como nos anos anteriores, a campanha vai focar na segurança de trânsito e reforço nas orientações de segurança aos grupos de romeiros e motoristas da rodovia, em apoio à Polícia Rodoviária Federal", informou.

Conforme a CCR, em 2019, no período da festa, foram contados 31.282 romeiros a pé na rodovia, tendo sido registrados seis atropelamentos, com uma vítima fatal. No ano passado, devido à pandemia, o número de peregrinos caiu para 17.178, com cinco atropelamentos e uma vítima fatal.

O Departamento de Estradas de Rodagem (DER), ligado à Secretaria Estadual de Logística e Transportes, vai usar drones este ano para monitorar o deslocamento de peregrinos pelas rodovias de acesso a Aparecida. Somente pela rodovia Floriano Pinheiro (SP-123), devem passar 77 mil veículos. Serão instalados também pontos de apoio aos romeiros.

O motorista de caminhão Vicente de Paula do Nascimento, de 61 anos, morador de Barueri, na região metropolitana de São Paulo, organiza uma romaria a Aparecida há 36 anos. "Tinha planejado levar 80 pessoas este ano, mas já são quase 350", disse. O grupo pôs o pé na estrada às 4 da manhã desta quarta-feira, 6, e vai passar a noite na Vila Santa Maria, na capital. As próximas paradas serão em Arujá e Jacareí. "No dia 11, às 8 da noite, estaremos no pé da Santa, se Deus quiser", disse.

Pelo 22º ano seguido, Nascimento levará a bota de gesso que mandou fazer quando a invocação de Nossa Senhora Aparecida curou um grave problema na perna de sua mãe. No ano passado, no auge da pandemia e com o santuário fechado, Vicente não deixou passar em branco a tradição. "Muita gente insistiu e organizamos um grupo menor, todo mundo de máscara, tomando todos os cuidados. Nem entramos no santuário, fizemos nossas orações ao pé da santa e voltamos embora. Este ano, faremos o pernoite lá", disse.

A aposentada Izilda de Fátima Valencio Silva, de 59 anos, partiu de Sorocaba no fim da tarde de terça-feira, 5, para se juntar ao grupo de Barueri. Desde 2013, ela vai à Aparecida agradecer a graça recebida de Nossa Senhora. "Minha filha teve leucemia, ficou muito ruim, chegou a ir para a UTI. Foram dois meses de muita agonia. Quando ela saiu do hospital, reunimos a família e fomos para Aparecida agradecer. Foram 15 dias de caminhada", recorda.

No ano passado, ela fez a caminhada, mas não pode entrar no santuário, fechado pela pandemia. "Este ano estou ansiosa para chegar lá e faço questão de conseguir um lugar na missa", disse.

O mecânico Adelson Ribeiro, de 49 anos, morador de Londrina, no Paraná, conta os dias à espera do que considera "o grande momento do ano": caminhar até Aparecida.

Na sexta-feira, 8, ele viaja de ônibus até o terminal Barra Funda, na capital paulista, de onde sai em romaria com outros peregrinos. Ribeiro vai caminhar 170 quilômetros na companhia da esposa, Isalina, com quem tem dois filhos. Desde a primeira romaria, em 2012, ele não parou mais. No ano passado, mesmo com o santuário fechado, ele fez questão de peregrinar. "Não podia faltar com a mãezinha", disse, referindo-se à Nossa Senhora Aparecida.

Estadão
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